Edigles Guedes
Quiróptero, pousas com teu corpo (adágio
Do implume homem que vivo) nos caibros sóbrios
Da noite. Estou a ver-te, assim, quase de soslaio.
Tangível criatura: nariz de astrolábio;
Boca, solitária, de quimera iníqua;
Olhos foscos, rotos, tortos; mãos oblíquas,
De quem quer pegar algo, mas escorrega
O algo por entre os dedos; uma formiga,
Íncuba, de garras a suportar peso.
E que peso? Os teus ombros, gravidade
Que suporta o mundo. E curvo, pouco teso,
Depois elástico. Libertam-se, calmas,
Tuas asas do corpo hirto, alteridade
De tua grandiloquente e famíger’ alma!…
6-3-2010.
Inspire-se. Surpreenda-se. Viva com leveza. Aproveite os sonetos. O romance. A desilusão. O amor. Leia e curta.
Aquário de Vida
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