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Norte


Por que me sorris,
Com teu riso sáxeo?
Se você não quis,
Jogue-me no aéreo

Do avião bimotor;
Só assim de dor
Serei mui feliz!
O mar: bem-me-quis;

Onde meu delírio,
Gentileza-lírio,
Deixa-me com ares

De frutos. Pomares
Nadam por esporte?
Amarrei meu norte?

Autor: Edigles Guedes.


De mãos Dadas



Contemplo oblíquo mar…
Continua salgado
No seu vaivém desnudo,
Tal qual bicho; de par

Em par, sorve bramido
De leão na bravia
Pedra. Inda que almadia,
Freme nuvem; rochedo

Lastima seu calvário
Por não se circundar
Com onda, no minério.

Que furo! caso amar…
Pode rochedo e mar
Viverem de mãos dadas?…

Autor: Edigles Guedes.


Tobogã



Serpente aflitíssima,
Que faz-me sonhar
Com muitas as águas
De cuia ou de mar.

De súbito, breve
Caroço de criança
Retumba o seu tombo
Em arco de aliança:

Humano ser vivo
Com jorro, miríades
De pingos altivos,

Que brincam de líquido
Espesso ou partidos
Cristais abismados.

Autor: Edigles Guedes.


Suspiros e Papiros



Domingo qualquer

De brisa hedionda
Soprando na cama.
O dom de mim quer,

Detido à fé, onda
Logrando mar. (Lama?)
A tarde, com tédio,
De triste remédio,

Se dava ao bom luxo

De tardos, os passos;
De tigres, os lassos;

Nos dados, que puxo.
Refém dos suspiros,
Contém-me os papiros.

Autor: Edigles Guedes.


Colo e Sina



Mui cuidado:
Colo e sina!
Brisa meiga
Queima rosto.

Chã canela
Deixa marca.
Mar parcela
O Eu por vários

Meses findos.
Há sorrisos
Lindos, bem-

Vindos! Colo
Rindo, gamo!
Sina, bramo!

Autor: Edigles Guedes.


No Baixel



Baixel que navega
Por mares, calado.
Me lembra serôdio,
Tristonho passado,

E cinjo-me: cinto
De prata, brunido;
Sapatos de couro
Retinto. Sonido

Me bota de louro
Cabelo tão pouco.
Caminho tão rouco.

A fúria me cega.
O mar que me pega,
Sacode-me. Chega!

Autor: Edigles Guedes.


Favorita



O mar cobiçando
Das ondas, fineza.
O lar dardejando
A flecha mui tesa.

Saudade liberta,
Mas sigo por certa
A rota que tira
A mágoa. De lira

Em punho, chilreio
Cantiga. Passeio
Por nau singular.

O calo me grita
Do pé. Favorita
A mão por versar.

Autor: Edigles Guedes.


Mar em Fúria



O túrbido mar, que canoras as ondas
Se vão triturando, rasgões, hediondas
As vozes das águas em fúria gigante.
Agita desânimo dentro da gente.

Carótida pulsa com medo faiscante.
O corpo, de mórbido, estático; sente
As pernas, de trêmulas, tácitas; quente,

O ventre carece de pulo por boca
Afora; suor escorrega por face,
Agora; bastante gagueja por mouca
A mente. Sossego que tanto me lace

No tempo de duro perigo flagrante!
Cabelos de mar? Evadidos. Demente,
Se dana com náufrago o barco decente.

Autor: Edigles Guedes.


Desgosto de Onda



Por pouco, recreia;
Sobejo, chateia?
Aranha sem teia?

A pouca areia,
Em praia, tonteia?
O ritmo sereia?

Pergunta que ronda
Por quengo afora…
Resposta me sonda;
Por dengo, me chora…

Desgosto de onda,
Vagueia por dentro
De mar, um sem centro
De si, me esconda!…

Autor: Edigles Guedes.


Abraço



O pouco som do mar;
O rouco tom: amar…
Artelhos — limbos bambos;
Advém: amamos ambos.

Joelho — lindo tombo;
Martelo — eu que zombo —
Me bate peito; sina
E sorte: misto-quente.

Suave, bela crina…
Cavalo grão carente
De vento forte, fronte.

E sinto queda ponte;
Detido, faço laço
De mim, em grão abraço…

Autor: Edigles Guedes.


Maio



Está chuvoso
Respingos mansos
De ouro brando

Boião da Lua

Navega céu
Nublado
Maio
Que surge tarde

Na linha arde

Um férreo trem

O bom descanso
No banco, quando

A nau jejua
De mar ao léu

E corro, caio


Autor: Edigles Guedes.


Tarde ao Mar



Dessa tarde jogada ao mar,
Como joga a pesca de rede,
Onde peixe desaba engodo,
Onde o pescador desapruma.

O barco toma rumo distinto,
Por ondas, vagas, lemes, vigílias,
As velas, remos, dós, maresias…
O Sol ainda dorme, cochila,

Depois da sesta, pouco a pouco,
Declina olhos, pálpebras fecham.
O clima brando, brisa serena.

Vulgar minhoca sobe anzol.
Ardil, capaz de só enganar,
A quem por enganado ficar.

Autor: Edigles Guedes.


Chá da Tarde



O bule deita
O chá em xícara
Pequena, fina.
Colher maneja

O mar de verde,
Saúde. Festa
De gosto liso.

Sentido, friso,
Vapor de sede
Aumenta. Desta
A feita, seja

Torrão e sina…
A língua pícara
Até enjeita!

Autor: Edigles Guedes.


Aurora



Enfado me chega
Em hora marcada?
Aviso mandar?
O nem que em sonho!

Aquela aurora
Que nunca me veio,
Passou de mansinho
E fez um carinho,

De longe. Alheio,
Desfaço, agora,
O cenho tristonho.

Navego por mar?
A onda agrada?
O lar se achega…

Autor: Edigles Guedes.


Ingrata



E fora de si,
De tão descontente,
Caminho por rua.
Asfalto tolero.

O pé, que resvala,
Me fala de ti,
Ingrata por tudo!
De mim, um suspiro

Voava em giro,
Em vão, o dolente.
Navega a Lua.

O mar, de sincero.
Estrela pedala.
O vento, saúdo.

Autor: Edigles Guedes.


Romana



Dedilho a flauta,
Que doce trauteia.
Os males espanta;
Enquanto divirto

Ouvidos quebrados,
Por casos diversos.
A gota da fúria
Consome o nauta,

Que tanto tateia
O mar de giganta
A onda. Advirto:

Os pés, alquebrados,
Por versos dispersos,
Romana espúria.

Autor: Edigles Guedes.


Aos Ombros



À boa ventura,
Velejo por mar,
Que torna sonhar
Um meigo penar.

A pena censura
O meu vaguear.
Piloto por ar,
Que gozo por lar.

O vivo no mundo
Da Lua me cabe.
O quê me desabe?

Almejo fecundo
País de assombros,
Que cumpre aos ombros.

Autor: Edigles Guedes.


Mar



O mar que bravio
Retumba; carpia.
O há de baldio.
O sem-alegria

Em vida sofrida
De luta renhida.
Os sonhos pressagos
Esparze afagos

Em ser de descuidos.
As ondas, em fluidos,
Desatam a corda.

Navio acorda;
Escampa sombrio
E só no estio.

Autor: Edigles Guedes.


Você é Forte



Você é forte, e isto é o bastante…
E tranque a lágrima em sua fronte;
E tranque às sete chaves, como se tranca
Um cofre cheio de moedas de ouro; e tranque

Sem fazer barulho algum, sem despertar
Os outros sonâmbulos, vagam que por aí,
Entre esquinas e ruas, vilas e vilarejos,
Nas grandes cidades, mas não sabem o porvir…

Desconhecem da Lua, o seu vagido; desconhecem rugido
De Sol nutrido, a sua alegria insondável de viver,
De sonhar os sonhos mais estúpidos, e inda assim sonhar.

Quando se sonha o
Impossível, tal como o Sol nesta manhã de janeiro,
É possível, sim, ouvir o marulhar do mar a quilômetros de distância,
E sonhar, simplesmente sonhar, com dias melhores, sem nuvens para anuviar…

Autor: Edigles Guedes.


Pinote



Ao nascer, galopei a Estrela d’ Alva,
Que brilhava; pondero: trela e calva.
Ao crescer, naveguei estreito mar,
Que bradava; sopeso: leito e lar.

Sorridente, vingou o siso — gato,
Que traquinas, viveu o falso chato.
Diligente, pingou o mel na sopa,
Que salgada, torceu o vento em popa.

O pinote do Amor — cavalo manso
Que solapa o coice brusco e ranço.
A bisonha (que Dor!) veleja oceano

De potocas inúteis. Desço o cano
Da agonia, por onde mordo triste
A fatiga: ocultar o Amor que viste.

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...