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Livro, Soprano



O prazer corpóreo desse livro,
soprano!
Apalpar a carne ou couro, quando encapado
Explorar a letra impressa, de saltimbanco
E ninar em dedos lívidos o tamanho

Das palavras, ora níveas, ora sombrias

Acalento, meu regato muda-se em berço
Pra acolher desejo, fato estranho, inconfesso,
Que prolongo, incertas horas ficam de brisas,

O deleite frui, fruição de quem se enamora
Por estreito corre-corre, como formigas
Em fileiras
dó, desgosto forte, mitigas.

E mastigas dote, posse dada, demora
Do contato feito, mãos em dança por folhas.
Entretanto, sofro muito gozo, às escolhas.

Autor: Edigles Guedes.


Bucho e Bomba



E xingo a mim mesmo

Careço, decerto,
Do livro descrito
A sete tinteiros;

Com mãos de palhaço,
Tentando, num traço,
Fazer uma graça
Ou simples piada.

Mas, sigo na raça
De cão
Decifrada
Poesia? Quem dera!

Na jaula, ribomba
O bucho, com fera
A fome. Que bomba!

Autor: Edigles Guedes.


Você Suporta



No Livro Santo está escrito,
Sim: “Suportai-vos uns aos outros”.
Ah, Deus! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
E eu que não suporto um sorriso

De gato ou sequer um latido
De cão? Se alguém me olha de lado,
Atravessado, qual fiofó
De calango, sou bem capaz

De irromper a Terceira Guerra
Mundial, só pra ver o cabra
Se borrando de medo, ali!

Mas, você? Suporta esse mundo,
Como um Atlas sustenta o mundo
Em seu dorso
— a mais tão divino?

Autor: Edigles Guedes.


Flor de Cloro



Desperto, em plena
Manhã, com planos
De ler um livro

Fugaz, que lavro
De mui pequeno,
Em dia quínio


Contém na caixa:
Dilúvio, setas,
Detido coxo.
E tu, que hesitas,

Desfazes riso,
Sentires dores,
Pensares
flor
De tanto cloro!


Autor: Edigles Guedes.


Meu Filho



E fazia-me de cavalo crédulo, pelos prados
Da América; enquanto deleitava-me com as Horas,
A passearem por ruas mofinas — longas demoras!
Que infindas Monotonias partiam ao meio alados

Versos! Indignos de constarem numa ata de reunião…
O que dizer de constarem num livro aberto ao sol?
Brincávamos de esconde-esconde em terra imaginária…
Jamais a Terra do Nunca haverá de se comparar

Aos campos, viçosos e verdejantes, que nós sonhávamos…
Havia fartura e teimosia, como Outrora;
Porém, o mundo era mais justo e tínhamos teu sorriso

Para alegrar o tempo de sol-posto, no horizonte…
Meu filho, enxota, põe para fora os olhares duros,
Há tantas terras para desbravarmos jungidos, juntos!…

Autor: Edigles Guedes.


Livro, Monólogo



Um livro sem prólogo
De páginas todas
Antigas, de mofo
Excessivamente

A superlotada…
As traças que fogem
Das folhas ao soalho…

Um lindo monólogo,
De si pra consigo…
E eu filosofo
Um pouco, com mente

Tristonha, calcada
Em livro que dorme,
Na estante da fome…

Autor: Edigles Guedes.


Chamego



Chamego bom;
O dengo: dom
De mimo largo.
Desdém, amargo.

O queixo lido;
Do livro, cuido;
O dente fixo;
O couro mixo

De boi; martelo,
No prego; zelo
Candura; sinto

A mão; instinto
De quem te ama
Na débil cama.

Autor: Edigles Guedes.


Manhã ao Luar



Dessa manhã jogada ao luar,
Como se joga milho ao acúleo
Dó galináceo.
Ávido sustento,
Pó que ingere… Pávido, do galo

Brota o grito; grave, a goela
Solta o livro lorde; acastela,
Dentro do peito, férvido ardor;
Duro ardor por beijos e calor…

Dama, de ti evola o perfume…
Tanto estimo, quanto afervento
Lar de prazeres muitos: o regalo.

Lábio de Lua lépida consume
Lábio o meu, ao corpo despertar…
Lábio: amor ao píncaro hercúleo…

Autor: Edigles Guedes.


Sorriso



Sorriso brando, que me apavora.
De vez em quando, (confesso, ora!)
Me põe de joelhos dormentes, como
Laranja lívida sem o gomo.

O braço bambo, que me devora.
Que lê os lábios, em boa hora;
Movê-los nunca, me sabes tomo
De livro aberto. Gracioso gnomo

Que sou! O gesto, que me censura,
Por riso intruso em conversa alheia.
Se brinco brusco contigo, freia

O labro. Fito a chiclé cintura,
Que bota siso em cachola dura.
Birrento fogo, que me apura!

Autor: Edigles Guedes.


Convés



Comi. De viés,
Falei: — Que comida
Soberba! Brinquei?
Verás que a vida,

De livro aberto,
Ensina cartilha.
Querer a sextilha
De beijos, decerto.

Comi, de revés,
Os vossos mirantes.
Advém, no tocante.

Convés que fiquei
Por ti, esperar…
A onda pingar…

Autor: Edigles Guedes.


Cadeira



Quadrúpede quedo, capaz de mudez
Assídua. Longínqua, desfruta viuvez.
Em quatro, as pernas embuçam sensato
Espaço, pejado. Fechada (que lindo!)

Sufoca a fala. Produto, que rindo,
Robora sestrosa sequela de chato.
Farol no dilúvio de móveis, que raro
Se mexe de flanco a flanco, deparo.

Espalda que deito o dorso — recosto
Doméstico, colo zeloso. Disposto,
Estudo o livro da liça. Contesto

A luz que alumbra, licença, que preço!
Cadeira deslumbra; presença que meço.
E eu que servi de assento molesto!

Autor: Edigles Guedes.


Livro



Em grades de páginas muitas,
Esconde as causas fortuitas,
Que lida com rio corpulento,
De onde provém sapiência.

Contém avião de ciência,
Que voa por céu fabuloso;
Que voga vilão e mocinho
Por linhas de nímio carinho.

Revolve as folhas, evento
Deleita-me, hora saudosa.
Ventura de misto tormento.

História de miúdo trancoso
Habita na letra vaidosa,
De modo que vivo sonhoso.

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...