A Vaga e a Lua



Vagando vai a vaga, voa voluptuosa!…
Navega dura, onda a onda, que me sonda…
Flutua frauta, assaz dorida e fragorosa…
Por onde anda tão famigerada onda?…

Que vai vergando nu o mastro da marítima…
Que nau!… Serei o canto, o brado da Odisseia?…
Que vai soprando a vela de sereia íntima!…
Que cospe aranha em sua intrincada teia!…

A nau — sabor da vaga —, cavalo trotava
Por águas, finos líquidos de parca outrora…
Uma alga pífia, lívida, como salgava

Os braços lentos! qual a menina dengosa!…
No firme Céu, que tão bela Lua decora
De azul e pálio, cútis esta mui formosa!…

Autor: Edigles Guedes.


Perdida é a Rosa



Sorri, ao passar o Tempo — macabro
Menino de asas, sequer um rosto…
Trocista, terrível, com peito glabro,
Propaga nas vidas um til desgosto…

Debocha das minhas galochas tolas,
Tal como debocha do passo à toa…
Perdido porque é nas róseas auréolas
Do parque da minha infância… Destoa

Genuíno do barco no mar (que sou!)…
Cruzando os sete já mares dantes
Singrados, embora secos… Estou

De sempre partida, sem um começo…
— Me dera que tudo fosse qual antes!…
Por isso, que, tempo ao tempo, eu te peço…

Autor: Edigles Guedes.


Estruge o Vento


Estruge, lá fora, o Vento…
Enquanto notícias vagam,
Pela tevê, de violento
Tufão… Estrelas cavalgam

O Céu de anil, bem pintado…
O piano toca a última
Valsa vienense… Calado,
Vejo a famosa sétima

Maravilha, não me abismo…
O Mundo que vage, chora,
Avalanche, cataclismo…

Um Passarinho, lá fora,
Vence o soez Vento, heroísmo
Tamanho: morre a desoras…

Autor: Edigles Guedes.



Sol de Verão



Mádido Sol de verão que
Sonha e insufla a magra vela
Do velejar; não sei o quê!…
Será que dou a boa trela?…

Máximo Sol de verão que
Me desbarata aquelas tétricas
Horas de folga; para quê?…
Se são tais horas muito céticas?…

Cálido Sol de verão que
Já me apalerma os nervos brandos…
Grifos, charadas e porquês?…

Cândido Sol de verão que
Desfralda aves mui aos bandos;
E, deslumbrado fico: o quê!…

Autor: Edigles Guedes.


Vão os Anos



Nenhum grugrulho de Poema
Desata em minha mão tão lesta…
Nenhuma Cólera ou Dilema
Portou na brava e leve aresta

Do Dia torpe ou Noite finda…
A Lua — arauto a navegar…
Navio sou e navego, inda
Que os Mares tentem me afogar…

Não sei que cais ou porto vou
Parar; porém, antes que a bordo
Comigo venha albatroz, voo

Para tão longínquos Oceanos,
Da minh’alma dentro, a cisbordo…
Passam grãos os Dias, vão os Anos…

Autor: Edigles Guedes.



Cheiro de Goiabada e Mequetrefe Marisco

Edigles Guedes

Cheiro de goiabada sobe pelo ar,
Mas é só lembrança do antigo lar,
Em que maravilhosa doceira —
Minha mãe — fazia suas guloseimas…

A atmosfera transpirava seu suor
De fogo e fogão, calor e pudor…
Ela mexia o tacho co’uma colher
De pau; colhia nos braços de mulher

Uma porção da calda; provava-a,
Que sorria para mim seu sorriso
Transcendental. O quitute aprovava!…

Hoje, eu sou tão distante, magoado?…
Hoje, eu sou um mequetrefe marisco…
Longe e longe mar, coral salgado…

4-8-2012.

Névoa Nebulosa, Magra Mágoa

Edigles Guedes

Eu marco no calendário os dias de outono,
Não procuro os quânticos números nulos,
Os quais risquei com lápis e muito sono…
Procuro saudosamente pulcros pulos

De menino introspectivo, agarrado com
Seu coelhinho branco, na cadeira branda
De balanço… Que me embalava meu sonho
De caubói: botas e esporas que tresandam…

Laços nas mãos que nada enlaçam… A nódoa
Da calça desbotada desse xerife
De plástico, que brinco de forte Apache…

Tudo é névoa nebulosa, magra mágoa
Da infância que naufragou na urbe Recife:
Quem me procura que, vistoso, não me ache!…

3-8-2012.

Se sou Peixe, não sei em que Aquário Vivo

Edigles Guedes

Peixe sou de um Aquário vagabundo?…
Ou sou peixe vira-mundo sem rumo?…
Lastimavelmente, eu esqueci o prumo
Do meu pensamento assaz fremebundo!…

Quando o Peixe dorme no Aquário, as luzes
De neônio se calam: total silêncio…
As águas calmas fazem sinal de psiu…
A Noite adentra… Estrelas são ferozes

Olhinhos luminosos de um predador
Longínquo?… Sincero, não sei por qual via
Seguir… Repentinamente, o mundo e a dor

Ficaram tão minúsculos!… Cativo
Sou dos grilhões de Amor tredo?… Todavia,
Se sou Peixe, não sei em que Aquário vivo!…

31-7-2012.

O Cucular do Cuco

Edigles Guedes

Sim … Oh! sim… Cortei o crasso cordão umbilical,
Joguei-me (feto e lodo!) pelo mundo afora,
Com estas mãos estúpidas, com esta linda
Faca de sede sádica — que passeia, de hora

Em hora, por minha carne tão cansada em mim!…
Ó mundo fel!… Despeço-me com este corte
Nos meus pulsos!… Eu despeço-me, porque feri
Abruptamente o fraco coração tão forte!…

Eia! não há o cucular do cuco?… Ou meus ouvidos
Negam-me a memória do tempo que se esvaece?…
Eu aguardo, pacientemente, os fogos olvidos

De um merencório amanhecer, o qual se tece
Pelos meandros escabrosos (desenxabidos!),
Dessa banheira de sangue — que me enternece!…

29-7-2012.

Mar Pouco

Edigles Guedes

Mar mouco que se despede da noite
Com seu sorriso aquático de delfim…
O tabuleiro de xadrez é foice
Que corta o raciocínio trágico alfim…

Mar louco, cujas ondas pragmáticas
Levam-me para o fundo de mim mesmo …
Quem sou? De onde venho? Sou gramáticas
Desbotadas, que perambulam a esmo?…

Mar rouco, responde-me!… Vens! e estimas
O meu coração com praga ou achaque
De velho poeta sem lira, sem rimas…

Mar pouco, que se esvai à proporção que
Bebo tuas lágrimas… minhas lágrimas…
Nesse copo de cólera, no alfaque…

22-7-2012.

Errabundo Desenho



Edigles Guedes

Desenhei teu rosto numa folha de papel:
Não havia cravos ou espinhas para desmanchar
A tinta nanquim e teus contornos de céu.
Tu estavas límpida, qual carpinteira a rachar

Meu coração de madeira com duro enxó
De prata, por mãos tão curtas, curvas e frágeis.
Abraço-te com braços mansos: longo amplexo
Hercúleo!… Oh! meus braços, decerto menos ágeis,

Há muito sonhavam!… No momento em que me vias,
O Sol sorria amarelo, assim meio carrancudo;
E tudo era flores, girassóis e cotovias!…

Mas, desperto-me do sono surdo e profundo…
Procuro-te por quatro paredes tão vazias,
E encontro-me contigo: desenho errabundo!…

29-7-2012.

Sansão em dor


Edigles Guedes

Em lá chegando aos braços de Amor, almeja
Minh’alma, que combaliu as tuas esquivanças!…
Depois de renhida peleja por tuas tranças
De Rapunzel, sobeja o tão grave assim seja!…

Em acolá aportando em tentáculos de Amor,
Desejo usurpar o trono dos ósculos teus,
Como a mais sedutora Dalila e filisteus
Surrupiaram grandes forças de Sansão em dor!…


Maniatados pés por tranças longas, contigo
Galgarei castelos infandos, à procura
De antídoto para Amor: doença com secura!…

Cego e reprimido por atrozes imigos,
Assim é o homem sojigado por mãos ferozes
Da Bela a quem ama: vítima e seus algozes!…

25-3-2012.

Arqueiro Cego e nu

Ó crudelíssimo arqueiro cego e rústico!…
Que se disfarça em criança angelical com asas;
No intuito de engambelar o incauto acústico,
Que anda de Amor desatento, longe de casa…

Eis quando desperta do sonho inusitado —
Que é amar sem ser amado, sem nada em troca
Almejar por Amor pérfido e figurado...
A Desilusão — fiandeira sem fio ou roca

Nas mãos — tece-me tragédia de erros, engodos…
Logo, tu, arqueiro nu e vil! desfralda-me golpe
Sagaz de tua flecha tão malcriada e sem modos!…

Se, hoje, ó sofrida Alma! despeço-me a galope
Dos braços tredos de Amor é porque denodos
Não demovem esse lobo em pele de míope!…

24-3-2012.

Reles Corrente sem Elos



Edigles Guedes

De manhã, céu com luz de Sol grávido
Rompe os grilhões da escuridão noturna.
Insensato, nefando mundo ávido,
O qual devora a música soturna

Dos pássaros melodiosos, sonoros.
Debuxa os ventos prodigiosos quadro
De pintura inédita sem esquadro;
Cai — tal qual luva em caixa de fosfóros —

Perfeitamente bem vossos cabelos,
Engrinaldados de flores maviosas.
Enquanto eu, mavórtico, sigo ciosas

Asas da borboleta azul, mimosas:
Que sois vós — reles corrente sem elos,
Doces livros que não saíram dos prelos.

24-3-2012.

Caiu Argueiro no Olho Cremoso?


Edigles Guedes

Névoa ditosa pairava salgada;
Neblina ambígua desagua na anágua;
Neve alada sem pena ou dó, nem mágoa;
Nódoa aquosa suja a mão desatada.

Nebulosa de Andrômeda distante;
Necedade de palhaço sem circo;
Néctar sem sabre: destripei só mico;
Nó górdio na garganta sem diamante.

Nuvem vã flutua como semblante
Nunca dantes visto em mar navegante:
Novo voo do albatroz desengonçado.

Nu artístico esboçado no quadrado;
Nuance desvelada aos cílios clínicos —
No olho cremoso caiu argueiro ou cisco.

24-3-2012.

Garças Arlequíneas



Edigles Guedes

As garças voam por sobre o céu finito

De águas guelras e tímidas. Não minto,
Quando afirmo: que ando farto e faminto.
Tanto verme pensamento ou detrito

Quanto cloaca sentimento ou sentido...

Aflige-me o transe de tão treslido
Destino, que sem tino — assaz ladino —,
Afugenta-me lídimo sino hino!

Mácula de pernas tão longuilíneas

Pousa no coração da tarde suave.
O mádido Sol medra as curvilíneas

Asas vórtices e vívidas de ave!

Sinto-me as garças cores arlequíneas:
Chave sem vão, fechadura sem trave.

23-3-2012.

Bem-aventurados Fingimentos



Edigles Guedes

Oh! bem-aventurados fingimentos,

Que, nesta ausência, tão doces enganos
Sabeis fazer aos tristes pensamentos!
Luís de Camões

Oh! bem-aventurados fingimentos,

Que fazeis de Amor esses doces enganos;
Embora sejam tristes pensamentos
Que me enredam sutis teias, duros danos!

Oh! bem-aventurados desenganos,

Que fazeis da felícia vis lamentos;
Embora sejam as lágrimas de anos
Que me enxugam os olhos desatentos!

De tanto procurar o Amor insano,

Achei danos duros nos sentimentos
Humanos de sincero, brusco lhano!

De tanto catar felícia, lamentos

Encontrei no melífluo desengano:
Oh! viver é tortura de tormentos!

22-3-2012.

Ousar



Edigles Guedes

Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se.

Sören Kierkegaard


Quando ousar é perder-se os estribos,

Por mais que tão instantaneamente
Desagradável à alma presente...
Não ousar é perder-se em recibos

De compra e venda, não obstante sem

Tabelião no meio para atrapalhar
A convivência de verme ao vermem!...
Quando ousar é perder o equilíbrio,

Ainda que tão momentaneamente

Indesejado pela alma ingente...
Não ousar é perder-se em grande rio...

Rio tão grão quanto o tabelionato

Na esquina da Travessa, à toa, ao ar...
Ao desdém dado por falta de ato!...

22-3-2012.

Rasguei a Boca



Edigles Guedes

A boca rasguei, quando pensei torto:
Amar é caminho sem mapa ou rota?
Terra sem norte ou bússola? Eis farto
Estou de ser navio impérvio sem frota!

Amar que me rasgue a pútrida pele!
Sinto-me tal número sem múltiplo,
Estranhíssimo e chato livro aquele
Que narrava peripécia e périplo!

Sou Marco Polo num convés sem ratos;
Velas, mastro e leme boquiabertos,
Enquanto navego por mares gratos.

Amo aventuras, adeuses, apelos;
Multiplico-me em duplos, de mim triplos;
Faço saltos cambalhotas num pulo!

21-3-2012.

Amor Escreve-me

Papel de aço no peito para suportar
Agruras sem fim!… Tragédia grega outra
Que sucumbe no íntimo de mim!… Ah! partir
Como se parte as duas partes da mesma ostra!…

Parto-me, divido-me em vis tentáculos
Num mar insidioso… Sou criança em biciclo…
Eu pedalo por ladrilhos imáculos…
Eu buzino em guidom da cor de caboclo…

E o Amor escreve-me: — Cabelos sem caspas,
Panelas sem canecas, moscas sem sopas,
Cordas sem tampas, pensamentos sem aspas:

Assim é você e sua alma sem ósculos
Da Dama de Vermelho!… Crus epiciclos
De sentimentos roem carnes e músculos…

21-3-2012.

Caríssimo Aljofre



Edigles Guedes

Espreitei caladamente a tua foto,
Deitada em mesa de carinho e afeto…
Dói-me! e como me dói! dor de dente e afta
São teus perfumes de mulher com nafta!…

Então, num longo e desgracioso gesto,
Responde-me com desdém sobre um isto
Ou um aquilo vagamente… De resto,
Olho-te furtivamente o benquisto

E lhano olhar teu, quando tem por fulcro
Teu olho de ametista — cofre sem lacre:
Como fosse luto ganho sem lucro!…

Eis que pinga em mim caríssimo aljofre
De teu rosto angelical, que me fere!…
Eu triste toco meu pequeno pifre …

20-3-2012.

Jardineiro


Edigles Guedes

Jardineiro fui de um jardim sem rosas:
Colhia somente espinhos e esquecia-me
A flor que verdejava nas más horas!…
Grudei meus olhos fidos em seu talhe

De princesa lúbrica com mil dotes…
Ao andar, seu talhe espetala as calçadas…
Seus olhos fúlgidos (que me não olhe!)
Fuzilam-me a minha acidífera alma…

Alíferos seus beijos que voluteiam
Nos céus da cor azul com tórrida e feia
Lua, navegando seu branco em bandeja

Argêntea… Passeia entre cravos — ela…
Seus pés de jasmins evolam perfumes
Suaves de luzes, que estrelas reluzem!…

20-3-2012.

Cerca Inútil



Edigles Guedes

Cerca inútil que planto no jardim de
Minh’alma, temendo que algum bandido
Roube de mim esse Amor deslambido!…
Ah! se ela tão somente me fugisse

Dos meus pensamentos tão libertinos,
Isso já era o bastante p’ra sossegar
Meu coração temente!… Mas o ofegar
De minhas mãos e nossos desatinos

Provocam-me a sensação descontente!…
Pulou-me a cerca o teu coração fugidio,
De um pio salto saiu pelo mundo erradio…

Piedoso salto de acrobata do Amor
Que me libertou da estranhíssima flor
De sentimentos, ó jardineiro ente!…

19-3-2012.

Fútil Cerco


Edigles Guedes

Em cada ambívio — que passei — topei
Com a figura mansa de minha
Carne dolorida… Ó minha Sina!
Cujas entrelinhas reli e tresli…

Mas, nada, simplesmente nada sei
Da fogueira das vaidades que arde
No meu peito de pedra de jade!…
Sigo — como tinta desinfeliz

Dessa caneta esferográfica
No papel dúplex… Onça maligna
Que se afoga em seu próprio vômito!…

Ó meu corpo! por demais sofrido:
Tenha pena de mim, pois me perco
Em cada encruzilhada — fútil cerco!…

19-3-2012.

Dinamite crua



Edigles Guedes

Madrugada opaca dentro de mim…
Não sei se o navio da Desilusão
Resolveu partir do meu vil jardim
De frustrações mil!…Ando salvo e são

Dos meus pensamentos agônicos,
Por enquanto… Amanhã, a depressão
(Doença dos Desencantos fônicos)
Fará de mim um feto sem ventre!…

Sinto-me tal como mais um dentre
Milhares de corpos tardios, cuja
Gula — ou pecado pútrido — suja

A alma carente de luz e explosão!…
Sou uma dinamite crua sem pavio:
Perco-me em cada noiva de atavio!…

19-3-2012.

Um Reles trem e Fêmea Fumaça



Edigles Guedes

Um trem veio que veio: fumaça chegou.
A gare superlotou de mimos,
Paletós ambulantes, sorrisos
Transeuntes, cheiro forte de cobu!…

Um trem descarrilhou sua fumaça.
Narinas – civilizadamente
Sujas – limpam-se aos lenços. Desgraça
De trilhos que não passam: demente!…

Um trem e sua fumaça de maria.
Perfume que se evapora. Nuvens
Negras em branco dia: um quê sem ira!…

Um reles trem – só máquinas nas veias –
E fêmea fumaça de felugens
Rompem a manhã de teias tétricas!…

10-3-2012.

Meu Coração Duro


Edigles Guedes

Despeço-me do monstro marinho
Sem lenço na mão para acenar-lhe
Um adeus de longuíssima data!…
Não trago comigo esse carinho

De infância perdida ao saltar pipas,
Brincar de esconde-esconde… Fiz tripas
Meu coração duro, empedernido…
Eis que nem martelo com rugido

Quebra-lho em fagulhas!… Oh! desata
Esse cálice de mim na calhe
Que sigo por entre pulcras pedras!…
 
Quanto me pesa um adeus não dito!…
Levo na bagagem o olho fito
Na muralha: que pedras! mais medra!…

10-3-2012.

Esse rio


Edigles Guedes

Ah! esse rio – sem cabeçalho
Ou rodapé – atravessou-me
Braços largos o bandalho
Do homem que sou!… Entristeceu-me

Deveras. Frio e caudaloso
Rio que trafega no vácuo,
Que há fora de mim… Sinuoso
E frio, o rio assoma que inócuo!…

Eu não sei que névoa anuvia
Meus olhos – pavios tão cegos!…
Mas sei que o rio segue por via

Jamais vista na pradaria…
Moles, míticos morcegos
Sobrevoam rio, frio, calmaria!…

9-3-2012.

Quando me Roubaste



Edigles Guedes

Quando me roubaste o Coração brando…
A sequidão devorou-me, portanto.
Sofri calafrios de prantos; enquanto,
Pela estrada afora e sozinho, eu ando…

Quando me roubaste a Razão túrbida…
O deserto fez flor no sentimento…
O que era belo se tornou lamento…
Descida sem encontro de subida…

Quando me roubaste os pios pensamentos
Secretos, piíssimos, dentro da caixa
Da minh’alma: eu sorri contentamentos!…

Quando me roubaste, insana mocinha,
O meu sorriso d’alma com sua baixa
Autoestima: eu voei que voei bem asinha!…

9-3-2012.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...