Mostrando postagens com marcador Fome. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fome. Mostrar todas as postagens

Bucho e Bomba



E xingo a mim mesmo

Careço, decerto,
Do livro descrito
A sete tinteiros;

Com mãos de palhaço,
Tentando, num traço,
Fazer uma graça
Ou simples piada.

Mas, sigo na raça
De cão
Decifrada
Poesia? Quem dera!

Na jaula, ribomba
O bucho, com fera
A fome. Que bomba!

Autor: Edigles Guedes.


Febre — Quatro



Tenho febre. Tenho febre. Febre
Com pintas de tais letras maiúsculas,
Capaz de rilhar os dentes. Fome
Finita veraz febre lateja…

Janela veio bradando por febre…
E tenho as mãos amargas, os pés
Tão tristes de febre, que me arde
Na boca, na língua, nos devassos

E vãos olhos, na velha e tardia
A tez, na fronte de paquiderme.
Confesso que gosto de escrever

Com febre; todavia, o que se escreve
Com febre, quando se está são,
Não vale sequer tostão furado..

Autor: Edigles Guedes.


Livro, Monólogo



Um livro sem prólogo
De páginas todas
Antigas, de mofo
Excessivamente

A superlotada…
As traças que fogem
Das folhas ao soalho…

Um lindo monólogo,
De si pra consigo…
E eu filosofo
Um pouco, com mente

Tristonha, calcada
Em livro que dorme,
Na estante da fome…

Autor: Edigles Guedes.


Sorriso Florindo



Defensável ventura,
Como te persegui?
Se careço de sede,
A fim de te beber;

Se careço de fome,
A fim de te comer;
Se careço de pele

A fim de te vestir;
Se careço de nome
A fim de te chamar;

Se careço de ti,
Nesta noite finória,
Em que sorris pra mim,
Num sorriso florindo.

Autor: Edigles Guedes.


Rasga Carne



Lanço flores, ao vento;
Peço cores, ao tempo;
Canto dores, à tarde;
Dentro, peito que arde!

Sinto boca sedenta;
Minto: ninho sustenta
Pinto
— fome aumenta?

Lanço chores, ao vento;
Danço dores, de manha;
Dó e flores acanha;
Canto peito chaguento.

Finjo pouco ciúme;
Faca: muito de gume,
Rasga carne
— estrume!

Autor
: Edigles Guedes.


Carro, Louco e Jade



Eis que tinha coragem…
Carro, crê, em garagem,
Pega trancos e goles,
Come chave inglesa,

Bebe óleo retinto.
Fome tange semáforo;
Sede dói na garganta.

Eis que tinha bondade…
Louco vê, em hospício,
Pernas bambas e moles.
Vil razão, que se preza?

Nada! Tico de siso?
Quem me dera!… Que canta?
Jade grita: — Suplício!…

Autor: Edigles Guedes.


Flores



As flores que levo
À mão e entrego
A ti, a Senhora,
Titã pecadora.

Me leva ao lago
De braço hirsuto!
O beijo, reduto
De fino afago.

Me faz um mendigo
De laços. Contigo,
Acabo-me sério.

Carência que sigo
Por fome de trigo.
E há um mistério.

Autor: Edigles Guedes.


Nome



Coisa feia
É a fome;
Coisa, não, que
Tanto come

Tripas; mói os
Muitos dengos;
Rói miolos;
Dói os quengos;

Há as voltas;
Há herói?
Há mingau na

Boca, sói;
Resto é
Nada, nome!

Autor: Edigles Guedes.


Quixote



Um pouco de pão,
Sacio a fome.
Aperta barriga
Com sinto fortuito;

Mas, inda que há
Um pingo de mel
No fundo do pote.
Um pouco de mão

E nada consome.
A preta da briga
De cinto e muito.

Mas, inda terá
Cadinho de fel
No mundo, Quixote!

Autor: Edigles Guedes.


Meninice



Estômago vazio;
Caminha apetite
De rápido em brio,
Barriga que habite

A fome de costume!
A sede me aprume!
Um copo que de água…
Equívoco me faz…

Um cálice de mágoa…
Deslize que me traz…
Carece de tormentos

A vida de ledice?
Almejo de lamentos
O fim — que meninice!

Autor: Edigles Guedes.


Cereja



Carece de ti
A fome de bolo.
Que desde a vi,
Enxugo o dolo.

Embora um tanto
Feliz por você;
Persisto, portanto,
À caça de quê.

Talvez a pelanca,
Ou seja, a casca,
Me põe a destranca

Na porta da língua:
Comer a borrasca,
Enquanto à míngua.

Autor: Edigles Guedes.


Maçã



Vermelho ou verde que seduz.
Talvez o profundo se deduz
De sua lisura com delícia.
Perfaz a ventura com carícia,

Acaso tivesse a vivência
No bucho… Porém, de previdência,
Que sofre, se prostra à cadência
De ritmo voraz, por contingência.

Costura o júbilo em rútila
A pele, de pávida em mútila
Dentada, capaz de fuzilar

O gosto, a fome saciar.

O verso, que tomo, se compraz
Em vê-la deitada, de cartaz.

Autor: Edigles Guedes.


Ventilador



Gira, como girafa no zoológico.
Mapa fosco procura o agógico
Rumo. Vento sussurra palavrório.
Prumo toma na vida, decisório.

Pás rodavam, de súpito, os pássaros
Voam parvos. Por cúbico, os lábaros
Seguem trêmulos, como peregrina
Noite. Túmulo cala a canina

Fome. Move o pêndulo das horas.
Sopro longo e séssil. As auroras
Fendem, cedo, a manhã, que empanturra.

Móvel ledo que verga a casmurra
Fronte. Lido com isso à socapa.
Eu que ruído suporto e sobrecapa.

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...