O prazer corpóreo desse livro, soprano!…
Apalpar a carne ou couro, quando encapado…
Explorar a letra impressa, de saltimbanco…
E ninar em dedos lívidos o tamanho
Das palavras, ora níveas, ora sombrias…
Acalento, meu regato muda-se em berço
Pra acolher desejo, fato estranho, inconfesso,
Que prolongo, incertas horas ficam de brisas,
O deleite frui, fruição de quem se enamora
Por estreito corre-corre, como formigas
Em fileiras — dó, desgosto forte, mitigas.
E mastigas dote, posse dada, demora
Do contato feito, mãos em dança por folhas.
Entretanto, sofro muito gozo, às escolhas.
Autor: Edigles Guedes.