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Lábios de Bombom



O célico prado…
Lampírio que voeja…
Um sonho de alado
Ou mimo de sonho?…

Caiu-me na palma
Da mainça um chuvisco;
Quedou-me um suspiro
De manso encantado…

Retiro da palma
De minha cabeça
A ideia de um beijo…

Estalo de lábios —
Bombom, hum! à beça,
Que tanto me acalma!…

Autor: Edigles Guedes.


Concedo-te um Beijo — Dois



Concedo-te, legitimamente, um belo beijo,
Desses que ficam dependurados nas gravuras,
Por trás da porta de casa, só para o deleite
Do dono, e de mais ninguém; pois, ninguém saberá

Do beijo que se esconde por trás da porta absorta
De casa, de tão sigiloso, e secreto, e simples,
Capaz de arrebentar meus lábios de ardores mil.

Um beijo, concedo-te!… Arde o lume do desejo
Nesse legítimo beijo — desentupidor
De pia das mágoas e lágrimas do Destino,
Que se diverte ao provocar bílis e dores

Incontáveis, como titeriteiro com sujas
Marionetes, todas manipuláveis a cordas
E madeiras, sem leis, sem regras, sem compaixões.

Autor: Edigles Guedes.


Peito Magoado



Olhos fitos em rosto soberbo;
Surdos, rimos da prova sem dor;
Duros mimos em colo travesso;
Mudos tidos os lábios reversos…

Como falas de vil desamor?
Há bafejo de biltre meloso?
Tinges face de rúbida cor;
Calas gesto nos ares; quimono

Cai bocado, de flanco, silente;
Tapas boca com dedo em riste.
Certo, boa sentença brandiste?

Cá, que nunca! Largaste pingente
Dado… Feres o peito magoado,
Como fera com dente crispado!

Autor: Edigles Guedes.


Regaço



Suspenda os passos…
Suspiros que bailam
Em boca tardia…
Confesse, me ama,

E vamos à cama…
Espera os laços
De surdos abraços…

E, hoje, me brindam
Os beijos de lábios…
Os ditos sábios,
Ao pé de gemido…

Regaço cerzido
À nota bravia,
De quem te colhia…

Autor: Edigles Guedes.


Senhora e Eu



Senhora, não te agaste!

O céu, por bento, confirme
O meu desígnio de nobre
Ventura
Siso de cobre,

Que tenho, não o rejeito;
Embora goste sujeito
À rédea curta e firme.

Senhora, não me brindaste
Com beijos cálidos, fartos
De lábios tardos, infartos
Com
vistos braços e laços!

Devoram vis embaraços,
Enquanto deito-me, suxo,
Em berço largo de luxo.

Autor: Edigles Guedes.


Carinho



Arrostei os olhos do perigo
E crestei as mãos, por desaviso.
E dormi nos laços da insone,
Que me faz sonhar em desabrigo.

E sonhei nos braços de ciclone;
Saciei-me, lúbrico umbigo.
E pousei os lábios em peitilho
De mulher, carente de carinho.

Destronei os beijos de gigante
A cobiça; seio palpitante
Desfraldei; luxúria desfrutei.

Em momentos tristes de amor,
Me calei; fechei o dissabor,
Que da flor gozei e gozarei!

Autor: Edigles Guedes.


Laço de Fita



O laço de fita
Me deixa tartufo!
O peito estufo;
Inflamo a chita

Com beijos ardentes.
Belisco os dentes.
Os lábios cortantes
Me ferem. Cavouca

Lascívia, guarida?
Palavras errantes
Me fogem da boca.

Ciúme desponta.
A faca de ponta.
Você que se cuida!…

Autor: Edigles Guedes.


Sorriso



Sorriso brando, que me apavora.
De vez em quando, (confesso, ora!)
Me põe de joelhos dormentes, como
Laranja lívida sem o gomo.

O braço bambo, que me devora.
Que lê os lábios, em boa hora;
Movê-los nunca, me sabes tomo
De livro aberto. Gracioso gnomo

Que sou! O gesto, que me censura,
Por riso intruso em conversa alheia.
Se brinco brusco contigo, freia

O labro. Fito a chiclé cintura,
Que bota siso em cachola dura.
Birrento fogo, que me apura!

Autor: Edigles Guedes.


Olhos



Aqueles olhos grandes
Que cortam voz de súbito.
E eu que sou o súdito:
Vassalo teu. Me brande

Espada, quis graúda.
O peito teu que pulsa.
Bater o sus! Expulsa
Os lábios teus, miúda?

No sonho vi: cavalo,
Ginete, mão de ferro,
A terra fértil, valo,

Castelo forte, tarde…
Aqueles olhos… Berro.
A alma ferve, arde!…

Autor: Edigles Guedes.


Beijo Ainda



Estendida sobre a relva canora,
Diligencia beijo fasto e primeiro.
Resistência pus. O bote labora.
De repente, estaca. Dedo vezeiro

Que procura meu cabelo em troca.
Cavalheiro, cedo nuca em palma.
Desatraca remo, mão desemboca
No pescoço meu, bendiz, me espalma.

Me rechaça olhar, fitando flamingo.
O patinho cai no laço em domingo
Promissor. Você me acha e perde.

Desabrocha lábios; beijo sussurra.
A primeira sova acúlea, que surra!
Jacucaca peja, pinta o verde.

Autor: Edigles Guedes.


Estima



Sojigado ao torso teu, um lago de amores.
Submergido ao peito teu, um pranto de dores.
O sustém dos lábios teus, contém pormenores.
O também de beijos teus, mantém dissabores.

A morgada palra tua, a rima de cismas.
A dengosa palma tua, os ricos odores.
Buliçosa mão debruada em tarde de flores.
Devastadas rosas floram, âmago abisma.

A loquela: valsa tua, opimos favores.
Compungido ao braço teu, oprimo fulgores.
Estorvado laço teu, exprimo toleima.

Enjeitar cantor que vem falar de jiboia.
Alumiar valor de quem calar a tramoia!
Esbulhar calor de quem te quer e estima!

Autor: Edigles Guedes.

Lente


Roçaguei-lhe os cabelos com os dedos sonsos;
Mergulhei-lhe os anelos com os ledos monstros;
Mastiguei-lhe os desejos com os lerdos lábios;
Mordisquei-lhe os gracejos com os tredos brincos.

Desgastei-lhe os dedos com os olhos bastos;
Consignei-lhe os monstros com suspiros vastos;
Consolei-lhe os lábios com desastres gastos;
Alentei-lhe os brincos com infartos fastos.

Tudo que mentir, os olhos de idade roída.
Tudo que fingir, suspiros de causa saída.
Tudo que sentir, desastres de alma vívida.

Tudo que me dói, infartos da moira lívida.
Antes de findar a liça daquela vida,
Tudo que sofrer! um lente atencioso à lida…

Autor: Edigles Guedes.


Grades de Ti



Debaixo do pé de seriguela
Estavas… Corri para os braços
Da amada… Jungi lábios em laços…
Mudei um humor frustro em estrela.

Contudo, pareces amarela.
Sortuda, estás desanimada.
Que houve, Senhora, magoada?
Que bicho te morde, Tagarela?

— A Sina mudou. Duro fadário
A mim consumiu: fruto e desgosto!
Na tarde do mês belo de agosto,

Partiste; deixaste-me cnidário.
Navego em sol-posto; revivo
As grades de ti, que me cativo!

Autor: Edigles Guedes.


Tranças



Acode-me tuas tranças formosas
Do chão desengano. Lanças ditosas
Dardejam os olhos — setas felizes
Que voam certeiras —, brutos deslizes!

Sacode-me tua dança fecunda.
Quadril que balança minha cacunda.
Sorris; me escondo, meu regozijo;
Pavor desabrocha, ponho-me rijo.

Perder que desata, fico-me sério.
Serena, debocha, agre saltério.
Olvido a birra, rasgo sorriso.

Permuta-me olhar de cala improviso.
Mergulho nas tuas tranças de siso.
Afogo-me, lábios brandos de riso!

Autor: Edigles Guedes.

Lábios de Desapontamento

Uma mulher encostada num tronco de árvore. Um cachecol azul cobre seus lábios.


Esquece-me os teus gentis lábios de mel.
Lábios dóceis, na mente, que me encantam.
Gentis são os teus que gestos desencantam
Viver de falto, e falso, e feio, e fel.

Falta-me metafísica da sórdida
Rosa com seus amargos já macérrimos.
Falsa é a vida, que tão de breve, rimos
De zéfiros — sem porta torta ou saída.

Como uma onda que soez claudica (sonsa);
Pensares entre dois tão descontentes
Quanto a pena e o papel são escreventes.

Fel, que destila vil veneno de onça…
Esquece-me, deveras, sou uma sombra
Que desapontamento a nuvem obumbra!…

4-4-2015.

Memória de Lince



Eis a fotografia do teu rosto,
Pendurada no meu quarto e peito,
Onde bate (e como bate!…) tosco
Coração tão carente e mais doído!…

Eis a fotografia de tão tácita
Cútis tua — esse cálice que queima
Minha pele desnuda, e rude, e pálida,
Com teu hálito, má contrapartida…

Eis a fotografia de tão cálidas
Maçãs dos lábios teus — oásis suaves
Em deserto de areias inauditas…

Eis a fotografia assaz símplice
E tua, na tatuada grave lacre
Da minha acre memória, vago lince!…

Autor: Edigles Guedes.

Os Lábios da Manhã


Os lábios da manhã triste, coesa e cinzenta,
Regaçaram-se belo e minguado sorriso…
Nesses lábios da Dama, de sal com pimenta,
Concebeu-se um plebeu roxo, tacanho, inviso!…

O meu coração ínvio — sem as duras vias
De trânsito: calor de Amor interciso —
Suplica às boas horas que a algaravia
De meus afetos (inda que tão indecisos)

Passem o mais lacônico que for possível.
Posto que não se aguenta meu corpo em pé,
Diante dela. Pranteio pela Dama crível

Das minhas amarguras sem do Amor a lei.
Dama que se vai, tão dura e impermeável
À minha afeição pela bola de vôlei!…

Autor: Edigles Guedes.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...