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Aquário de Vida



À mercê dos favônios,

Bisviver jigajoga,

Bajogar a conversa,

Retisnar os neurônios…


Lida que se renova.

Quem me dera essa trela…

Fácil dourar peixinho,

Nesse aquário de vida?


Cai purpúreo do vinho,

Cai murmúreo da fala,

Cai sulfúreo da sala…


A língua me parlenga.

Existe sal no vivo?

Alvoro tão cativo!


13–8-2019.

Água e Vida



Água esmorece sobre a pia:
Fio fininho, pois, se finda;
Té não sobrar sequer suspiro
Da torneira, que ora sofria…

Sofria de saudade tão pingue…
Por bocadinho, quase o queixo
Cai da fronte, intacta de lágrimas…

A vida desabita as páginas
De tais lamúrias encardidas,
Por fábula acúlea das mágoas…

A vida, de quando, deságua
No leito de outra vida idília;
Não perde tempo com lamúrias,
Antes, engendra mais a vida…

Autor: Edigles Guedes.


Conto de Outono



Uma folha crócea que dança,
Ao sabor do vento aguerrido…
O vento muge: — Não se canse!…
Vá devagar que a vida é pouca!…

A folha, furibunda, risca
Um sorriso mordaz no rosto,
Joga para longe um chuvisco,
Que teimava em cair naquela

Tarde fria, de outono lívido.
Quase pondo a língua pra fora,
Disse a folha, de cenho vívido:

— Cuide da sua vida, pois cuido
Da minha, é que lhe digo. Nisso,
Veio o inverno: a folha finou.

Autor: Edigles Guedes.


Febre — Três



Nesse torto instante, tenho febre.
Não sei se existo; para que existo?
Se a Existência me contamina
Com febre hidrófoba, ciciando

De febre curva na minha vida…
Esta febre que, com depressivo
Olhar, me bota em canto de quarto,
No aguardo possível de um surto

De cólera ou será de loucura?
Já não sei o que sinto, sentido;
Já não sei o que penso, pensado;

Já não sei se minto, quando calo
A voz piedosa do coração.
Ah! o elixir que me deixa são!…

Autor: Edigles Guedes.


Covarde



O gáudio dos dias de Outrora,
Recorda-me o quengo demente,
Por esta cadeia docente:
— Quimera, por nome e batismo.

Cadeia temente de carnes
Que vagam por água sinistra:
Carbono e anágua registra,
Em túrbida vida, covarde!…

Confesse querença de sobra
Por Dama franzina, de modos
Apáticos, sonsa; mas obra

Calor demasiado, com pernas
Oblíquas de trêmulas, ternas
Palavras gaguejas, hibernas.

Autor: Edigles Guedes.


Chorar a Rosa



Há de chorar a Rosa!
Que se perdeu no flanco,
Esquerdo e cru, da vida…

Há de chorar, bradai!
Por Rosa tão pequena…
Que mais valeu a pane
No coração amargo…

Há de chorar a Rosa!
Como a vã mazela,
Fixa em jardim de males…

Há de chorar, bradai!
Por Rosa tão serena…
Mudo, jamais profane
A cova; então, cativa


Autor: Edigles Guedes.


Vida Sonha



Desdobra as asas,
Em voo largo…
Partiu amargo
O peito alado

De Dama linda.
Verão de sol
Ardente, finda

O dia, fado
Sorri. Lençol
Me cobre o lado.

A língua abrasa…
— A vida sonha
Em psiu de fronha…

Autor: Edigles Guedes.


Ao Caminhar




As flores, aos poucos,
Fenecem nas ruas.
Calçadas me gritam;

Lamentam as dores
Por mim: um tão podre
Ninguém de sapatos

Puídos, surrados
Por vida de cão,
Que vira a lata
Em cada esquina.

E, melro que não,
Me torno um canário
De país olvidado,
De préstimo alado.


Autor: Edigles Guedes.

Trago Flores



E trago flores
Nas mãos risonhas.
E tu me sonhas
Nos braços. Cores

De íris rodam
Mundéu afora.
Ao léu, agora,
Os beijos podam.

E trago dores,
Também, de vida
Cruel, de lida

Babel. Se fores,
Me traga figo

Final que digo

Autor: Edigles Guedes.


Pipoca



Estoura micro-ondas;
Pipoco, alarido;
Ruído confrangido
De rudes anacondas!

Sabor de sentimento,
Com sal de sobremesa;
Pimenta que enfeza
A língua de fermento.

O gosto absolvido
Por culpa de redondas
Manteigas derretidas.

A vida, de certeza,
Ostenta o lamento
Em fugas compelidas.

Autor: Edigles Guedes.


Lençol e Vida



Criança, te cubras!
Lençol será curto?
É sobejamente
Curto, de tão pouco…

A cama constrange?
Demais, fartamente.
Viver será rosas?
Existem espinhos!

E sei que eu sei…
Bandeira de paz?
Um canto de trégua?

A vida é dura;
Mas fino sorriso
Me custa nadica!

Autor: Edigles Guedes


Sina



A sina surda
Me poupa vista
De torta vida.
O fado mudo

Me faz ouvido
De Seu Doutor.
Destino cego
Convida prego;

Martelo bate.
Cabeça late.
O cão, fedido,

Me pe
rde tudo
E não vi nada,
Mas siso brada!

Autor: Edigles Guedes.


Alice de Lewis Carroll



O Gato Sorridente
Assusta-me bastante.
A menina Alice,
Entretanto, coragem

Esbanja. Diamante
E sopa de tampinha,
Personagem em vida?
A Rainha sustente

O cetro de calmante.
O fogo que atice
O reinado. Linguagem:

Disparate errante,
Que bota-me na linha,
Por discreto, duvida?

Autor: Edigles Guedes.


Convés



Comi. De viés,
Falei: — Que comida
Soberba! Brinquei?
Verás que a vida,

De livro aberto,
Ensina cartilha.
Querer a sextilha
De beijos, decerto.

Comi, de revés,
Os vossos mirantes.
Advém, no tocante.

Convés que fiquei
Por ti, esperar…
A onda pingar…

Autor: Edigles Guedes.


Meninice



Estômago vazio;
Caminha apetite
De rápido em brio,
Barriga que habite

A fome de costume!
A sede me aprume!
Um copo que de água…
Equívoco me faz…

Um cálice de mágoa…
Deslize que me traz…
Carece de tormentos

A vida de ledice?
Almejo de lamentos
O fim — que meninice!

Autor: Edigles Guedes.


Mar



O mar que bravio
Retumba; carpia.
O há de baldio.
O sem-alegria

Em vida sofrida
De luta renhida.
Os sonhos pressagos
Esparze afagos

Em ser de descuidos.
As ondas, em fluidos,
Desatam a corda.

Navio acorda;
Escampa sombrio
E só no estio.

Autor: Edigles Guedes.


Dias que não é Brinquedo



Há dias que não é brinquedo;
Todos, sérios, fogem do enredo
Da hilariante vida;
o medo
De alguma calamidade,

Anunciada nos jornais
Matutinos, antes do meio-
Dia em ponto, sol a pino;
O medo que uma barragem

Qualquer estoure suas águas,
Cheia de lama tola e mágoas,
Cheia de vidas despojadas.

Há dias que não se profere,
Ao menos, Amor — m
urcho em terra
Rasa do coração humano!

Autor: Edigles Guedes.


Lábios de Desapontamento

Uma mulher encostada num tronco de árvore. Um cachecol azul cobre seus lábios.


Esquece-me os teus gentis lábios de mel.
Lábios dóceis, na mente, que me encantam.
Gentis são os teus que gestos desencantam
Viver de falto, e falso, e feio, e fel.

Falta-me metafísica da sórdida
Rosa com seus amargos já macérrimos.
Falsa é a vida, que tão de breve, rimos
De zéfiros — sem porta torta ou saída.

Como uma onda que soez claudica (sonsa);
Pensares entre dois tão descontentes
Quanto a pena e o papel são escreventes.

Fel, que destila vil veneno de onça…
Esquece-me, deveras, sou uma sombra
Que desapontamento a nuvem obumbra!…

4-4-2015.

Cartas Ridículas de Amor


Não me creia que todas estas cartas
Pipilam de Amor em mim, de tão
Ridículas que são!… A frase ingrata
Não é minha, mas cá de um falastrão,

Que sabia muito bem o que dizia,
Pois ele torturado era de Amor,
Que engendra sua vida no torpor
Do dia. O Pessoa, sim, se comprazia

Em falar-me que disso tanto sentia.
Amor, se era, que em seu ganido peito
Eclodira, não sei.. Quiçá no leito

De um hospital de privança em agrestia…
Mulher, é que sabemos nós o quanto
De tênue há em pós: náusea e pranto!…

Autor: Edigles Guedes.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...