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Você Suporta



No Livro Santo está escrito,
Sim: “Suportai-vos uns aos outros”.
Ah, Deus! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
E eu que não suporto um sorriso

De gato ou sequer um latido
De cão? Se alguém me olha de lado,
Atravessado, qual fiofó
De calango, sou bem capaz

De irromper a Terceira Guerra
Mundial, só pra ver o cabra
Se borrando de medo, ali!

Mas, você? Suporta esse mundo,
Como um Atlas sustenta o mundo
Em seu dorso
— a mais tão divino?

Autor: Edigles Guedes.


Andorinha



Chutei um balde
com Horas:
Um pontapé retumbante!…
E cavalguei por esquinas
E ruas, todas pintoras

De angústias chocas, bastantes
Sequiosas… Mágoas sentidas
Por quem caminha nas quinas
De mesa de escritório,

À caça de algum poema,
Jamais escrito na noite,
Que cedo se avizinha…

Ah! doce andorinha, minha
Parceira de quarto e sala
De mundo lúrido, cala!…

Autor: Edigles Guedes.


Versos que não Cabem na Garganta



Há versos que não cabem na garganta!…
São tão compridos, demais tão compridos,
Que estouram na página de papel almaço,
Em franco olhar de atirador de elite:

Bum! um projétil de palavras sonsas —
Ora miúdas, como formiguinhas velozes;
Ora graúdas, como açúcar no açucareiro;
Ora medianas, como estatística

De dados assombrosos, esquecidos
Na prancheta do tempo remontado.
Há versos que não cabem na garganta!…

São cruéis demais para caberem todos
Na minha mão — mão tão grande quanto o mundo!…
E o que dizer para caberem na garganta?…

Autor: Edigles Guedes.


Leva



Me leva contigo
Pra mundo d'além

De modo que tem
Um firme abrigo,

Na ponte. Prossigo
E, dentro, umbigo
Me traz um castigo,
Benigno amigo

Da minha cacunda.
A terra inunda
O cheiro de flores.

A vista de cores
Atufa. Amore
s
Acudam-me dores!


Autor: Edigles Guedes.


Conversa com Sabiá



Tremor nas vestimentas,
Ou antes, nos alentos?
As flores sonolentas
Me fogem — uns inventos

Nas horas de fadiga.
E eu que lhe persiga
O rígido gracejo.
De Dama, o ensejo

Por dia venturoso.
E ando cobiçoso
No quarto de dormir.

O mundo há de vir.
O homem sorrirá
Dos males, sabiá!

Autor: Edigles Guedes.


Manteiga em Fuça de Gato



Cartaz: a madame
Sorri e convida.
Um mundo de sonhos,
Que abre janelas.

Por mim, desfastio
Que bate à porta.
Cansado, semeio
As plantas em horta.

A moça, que brame,
Me chama — quimera!
Almejo milagre.

Da vez, propaganda:
Passar a manteiga
Em fuça de gato.

Autor: Edigles Guedes.


Mundo



Há o mundo virado:
É cachorro com tosse,
É lagarto com posse,
É mosquito a nado,

É o gato com fogo,
É o rato com gosto,
É o pato disposto,
É o mato de rogo,

É ouriço com medo,
É toutiço de ledo,
É o grito com gripe.

É papel com o clipe.
É a lesma de jipe.
Eis que mundo azedo!

Autor: Edigles Guedes.


Travesseiro



Travesseiro, amigo benigno das horas,
Que detém claudicantes ensejos na porta,
Que nos leva ao paraíso dos seixos ignotos,
Que nos move fagueiros ao mundo medonho.

Pesadelos que deitam burguês calafrio.
O martelo que põe-me bonés e delírio.
A tenaz que comprime fingido escrúpulo.
O fajardo suprime fastioso percurso.

Me amofina por noite afora, adentro.
Descortina pedrês lobisomem, vampiro;
Situações de piloura, o fado incerto.

Consciência tolero de pulcros detritos,
Que me banha em banho de gris madrugada,
Que me sonha em sonho de noivo e grinalda.

Autor: Edigles Guedes.


Querida Margarida



Querida Margarida, o mundo e seu sistema
São hipócritas, troam que por natureza.
Não me adiantas vir com contrários dilemas,
Com rios de teoremas e vis sutilezas

De rã grasnar… O mundo jamais que perdoa!
Mundo que é implacável; por condenação,
Melhor não há! De todos, bem calmo, atordoa!
Faz pilhérias à toa, gota confusão!

E, quando a Morte — assanha a que enfadonha ação
De Dama Negra em Lago rústico da vida —
Chegar, apita o trem de lúgubre partida.

Querida Margarida, preste-me atenção:
O ser existe — menos porque demais faltam
As coragens, as guelras, que doidos desatam!...

22-11-2018.



Cego



Me tira sossego
O rijo lamento
De alma sentida.
Bendita que lida

Inteiro o tipo,
De tudo um pouco!
Baú: serventia
Da coisa banida.

Me fica o cego
De olho atento.
O cão, de guarida.

E vou, participo
Do mundo, um louco
Em cru cercania.

Autor: Edigles Guedes.


Estruge o Vento


Estruge, lá fora, o Vento…
Enquanto notícias vagam,
Pela tevê, de violento
Tufão… Estrelas cavalgam

O Céu de anil, bem pintado…
O piano toca a última
Valsa vienense… Calado,
Vejo a famosa sétima

Maravilha, não me abismo…
O Mundo que vage, chora,
Avalanche, cataclismo…

Um Passarinho, lá fora,
Vence o soez Vento, heroísmo
Tamanho: morre a desoras…

Autor: Edigles Guedes.



Por Matar-me o Amor



Ao cabo de dias, Caim trouxe o fruto da terra em oferta;
Abel, entretanto, entregou os primogênitos do rebanho.
O Senhor pôs fito em Abel e suas ovelhas, que na certa
Enchiam o vaso de regozijo dos céus. Caim, tacanho,

Irou-se tremendamente. Descaiu-lhe o semblante valente,
De quem lida com a bruta terra. O pecado bateu à porta
Do encolerizado Caim. Então, o desejo do pecado, avante,
Perturbou-lhe a índole; reprimiu-o, como o cabresto a torta

Égua arredia, refreia. Aliás, estando os dois pelo campo
A vaguear, Caim ergueu sua mão contra seu casto irmão.
E a voz de Deus, serena e suave, fez-se da cor do salmão!…

Lançou-lhe a maldição: erradio e vagabundo no escampo
Do mundo. E eu que te amei, Senhora, será que mereço
Sofrer por matar-me o meu Amor, porque eu de ti careço?…


Autor: Edigles Guedes.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...