Mostrando postagens com marcador Céu. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Céu. Mostrar todas as postagens

Osga


Nenhuma nesga de céu azul,
Somente a manhã de tenebrosa,
De nuvens a brincar com os cravos
Do céu de outono, com folhas secas,

Mortinhas da silva, silvo solto —
O vento nubífugo assobia
Pianíssimo contigo, tardio,
Exíguo, com gastura pra dar,

Vender, comprar e desperdiçar.
Nubífero trovejou suas mágoas.
Imbrífero calejou suas tréguas.

Estou gafo pra acabar com isso:
O tudo que me restou no copo
De cólera, bêbado por osga!

Autor: Edigles Guedes.


Manhãs



Amo as manhãs que tecem as plácidas nuvens no céu…
Amo o salgueiro imponente, embalado pela canção
Vã de ninar dos ventos sibilantes; tardo, pois não…
Amo as tardes sonolentas de brinquedos senis…

Quem escondeu o meu trenzinho de metal tão barato?…
Quem me ofendeu com sorriso desmazelado, sem tato?…
Quem me desceu a mão, com violência, fazendo-me triste,
Como triste é o canto da araponga?… Minto? Me riste?

Amo o tinir inexorável do ritmo do relógio…
Amo o frigir dos ovos numa frigideira qualquer…
Amo o pingar das águas no chuveiro, banho me quer…

Quem escondeu o meu queijo de Bodocó, desacato?…
Quem me ofendeu com esgares de palhaço?… Caminha pato,
Jeito de quem desengonçado repara o cós da calça…

Autor: Edigles Guedes.


Sirvo por Chão



Quando o Sol nasceu,
Vista, decerto, fecha
Pálpebras, mero feito:
Chave que passa trinco!

Quando o sal tremeu,
Língua, deveras, deixa
Céu de mordaz eleito:
Oh! de canela brinco!

Quando o tal cresceu,
Míngua, liberto; queixa
Cerra o pão e pleito:
Lua no vão do zinco!

Sirvo por chão, de cínico;
Gasto miolo clínico.


Autor: Edigles Guedes.


Senhora e Eu



Senhora, não te agaste!

O céu, por bento, confirme
O meu desígnio de nobre
Ventura
Siso de cobre,

Que tenho, não o rejeito;
Embora goste sujeito
À rédea curta e firme.

Senhora, não me brindaste
Com beijos cálidos, fartos
De lábios tardos, infartos
Com
vistos braços e laços!

Devoram vis embaraços,
Enquanto deito-me, suxo,
Em berço largo de luxo.

Autor: Edigles Guedes.


Um Grilo Falante, de Espora



A luz descolore
Fulgor de aurora?
Um dedo de prosa
E cedo Manhã,

Que sabe a rosa?
Pranteia, agora,
O céu de maçã!

A nós, evapore
Ledice da noite!
Desate açoite
Na voz e vigore!

Um Grilo Falante
Verseja diante
De mim, de espora

Autor: Edigles Guedes.


Maio



Está chuvoso
Respingos mansos
De ouro brando

Boião da Lua

Navega céu
Nublado
Maio
Que surge tarde

Na linha arde

Um férreo trem

O bom descanso
No banco, quando

A nau jejua
De mar ao léu

E corro, caio


Autor: Edigles Guedes.


Remédio



Existe rio
De cor anil?
De céu, pintado,
Como canário

Belga? Armário
Extinto, fado
De cor ardil,
Amor urdiu!

Antes sofrer
De que vencer
Esse assédio!

Antes morrer
De que beber
Esse remédio!

Autor: Edigles Guedes.


Refém



O pobre de mim!
E desde que vi
Os olhos, me ri.
Refém que de ti

Me fiz, por amar.
Mas, como domar
Amor e corcel
No mesmo pincel

Que pinta o céu?
Azul com o mel,
No árduo papel.

Depois, o pastel
Petisco… Esqueço
De ti; amanheço.

Autor: Edigles Guedes.


Café, o Outro



A liça judia?
A cruz me redime?
Passado espia?
Presente oprime?

Futuro fervia?
Agouro deprime?
Cadarço servia?
Sapato reprime

O pé ardiloso?
O fuste manhoso,
De líquens chorosos,

De próprio conhece?
O céu amanhece.
Café arrefece.

Autor: Edigles Guedes.


Livro



Em grades de páginas muitas,
Esconde as causas fortuitas,
Que lida com rio corpulento,
De onde provém sapiência.

Contém avião de ciência,
Que voa por céu fabuloso;
Que voga vilão e mocinho
Por linhas de nímio carinho.

Revolve as folhas, evento
Deleita-me, hora saudosa.
Ventura de misto tormento.

História de miúdo trancoso
Habita na letra vaidosa,
De modo que vivo sonhoso.

Autor: Edigles Guedes.


A Vaga e a Lua



Vagando vai a vaga, voa voluptuosa!…
Navega dura, onda a onda, que me sonda…
Flutua frauta, assaz dorida e fragorosa…
Por onde anda tão famigerada onda?…

Que vai vergando nu o mastro da marítima…
Que nau!… Serei o canto, o brado da Odisseia?…
Que vai soprando a vela de sereia íntima!…
Que cospe aranha em sua intrincada teia!…

A nau — sabor da vaga —, cavalo trotava
Por águas, finos líquidos de parca outrora…
Uma alga pífia, lívida, como salgava

Os braços lentos! qual a menina dengosa!…
No firme Céu, que tão bela Lua decora
De azul e pálio, cútis esta mui formosa!…

Autor: Edigles Guedes.


Estruge o Vento


Estruge, lá fora, o Vento…
Enquanto notícias vagam,
Pela tevê, de violento
Tufão… Estrelas cavalgam

O Céu de anil, bem pintado…
O piano toca a última
Valsa vienense… Calado,
Vejo a famosa sétima

Maravilha, não me abismo…
O Mundo que vage, chora,
Avalanche, cataclismo…

Um Passarinho, lá fora,
Vence o soez Vento, heroísmo
Tamanho: morre a desoras…

Autor: Edigles Guedes.



Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...