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Livro, Soprano



O prazer corpóreo desse livro,
soprano!
Apalpar a carne ou couro, quando encapado
Explorar a letra impressa, de saltimbanco
E ninar em dedos lívidos o tamanho

Das palavras, ora níveas, ora sombrias

Acalento, meu regato muda-se em berço
Pra acolher desejo, fato estranho, inconfesso,
Que prolongo, incertas horas ficam de brisas,

O deleite frui, fruição de quem se enamora
Por estreito corre-corre, como formigas
Em fileiras
dó, desgosto forte, mitigas.

E mastigas dote, posse dada, demora
Do contato feito, mãos em dança por folhas.
Entretanto, sofro muito gozo, às escolhas.

Autor: Edigles Guedes.


O Licorne e a Espada



O livre licorne
Surfava por raios
Argênteos da Lua.

A tarde: de carne
E poços; de arreio
Soberbo; sem freio.

De
pranto, passava
O lívido; sova
Estruge na salva
De palmas, no silvo

De
próprio ninguém.
Espada de gume
Agudo e sem lei
Resvala
fio frio

Autor: Edigles Guedes.


Derreti



Claro, arranquei, por detrás da roseira,
Um belíssimo espinho dos olhos teus;
Todavia, esqueci-me de arrancar
Um pequenino cisco dos olhos meus.

O dito espinho cravejou no meu dedo;
A princípio, doeu; tempestuou, sem medo,
A minha fronte contra
o espinho na carne.
Com ternura própria de mulher trigueira,

Você deitou
suas mãos lívidas nas minhas
Mãos, e bravamente sorriu para mim…
Você desovou o nocivo espinho abaixo…

Por pouco, arrepiei carreira; mas, você,
Sempre você, assoprou-me o dedo sofrido,
Fez-me um
denguinho qualquer, me derreti!…

Autor: Edigles Guedes.


Pulga com Carinho



É pequena a pulga, escura e pula;
É treteira e suga o sangue pio.
Ah! debruça, pura e sã: desdita,
Feito carne na panela, frita.

Ah! veneno das manhãs de inverno!
Neve alguma cai no seio materno
Do sertão, que cheira ao nu licorne…

É miúdo o meu carinho, pune
Tão pertinho; vai, mansinho; pisa
Dengo; move mãos, divã, mulher;
Torce pernas, pés. Nariz requer

Cheiro tão sublime, minha Alteza!
Pode não… Esconde, minha bela,
No tugúrio! Ou: fera engole, anela…

Autor: Edigles Guedes.


Um Beijo na Fronte



Regaços mil de maravilhas
(Que gozo, mais!), nas redondilhas
De abraços vários… A Senhora
Cativa em braços namorados…

Me põe de lúcidos os joelhos
Aflantes… Pernas que suportam
O peso ingente das blandícias…

As mãos escorrem no espinhaço,
Que nem a mágoa no chuveiro…
Um banho para refrescar
A carne, cheia de avidez…

Mas, onde guardo as pudicícias?…
Um beijo casto afivelei
Na fronte afável do meu bem…

Autor: Edigles Guedes.


Falsos Pensares



Vivo com falsos pensares;
Risco tormentos; cegares
Piscam os olhos, de manso;
Subo montanha de um lanço;

Tenho depressa como alvo;
Vejo a neblina, ressalvo;
Como pensar, se ciúme
Rói por demais a matéria,

Feita de carne com ossos?
Rude e suspeita venérea
Rompe os grilhões de colossos.

Brota pacato azedume.
Tudo depõe-me faminto;
Tudo de pânico sinto.

Autor: Edigles Guedes.


Rasga Carne



Lanço flores, ao vento;
Peço cores, ao tempo;
Canto dores, à tarde;
Dentro, peito que arde!

Sinto boca sedenta;
Minto: ninho sustenta
Pinto
— fome aumenta?

Lanço chores, ao vento;
Danço dores, de manha;
Dó e flores acanha;
Canto peito chaguento.

Finjo pouco ciúme;
Faca: muito de gume,
Rasga carne
— estrume!

Autor
: Edigles Guedes.


Risco de Giz



Cachorro zurze
A mosca torpe.
Fastio sinto
Em boca torta.

A dor molesta
A carne morta?
Um quadro pinto?
Amor encorpe!

A linda urze
Encanta olho.
A tez recolho.

A onça, besta:
Que sabe, diz?
E risco, giz!

Autor: Edigles Guedes.


Afta ou Sapinho



Patife, o verdolengo.
Viçoso que me devora
A carne. Concupiscência
De fúria bajuladora.

Capaz de malafulengo
Sorrir da despaciência,
Que há me desmorecido.
O menos favorecido

Com graça, contentamento.
Saúde com rabugento
Tempero de caçarola.

A úlcera na graçola
Da boca, que oferece
A fácies e compadece.

Autor: Edigles Guedes.


Febre Anil



Escondeu-se o pranto na boca insensata,
Quando a lágrima ilustre pingou fóssil pingo,
Deveras, molhou minha face — acrobata
Da dor humana, a qual desfruta de perigo.

Escondeu-se o manto no corpo sem braços
— Que mil vezes me abracem!… em desvairados
Abraços, como fossem de levianos laços
De Lua, mel, fel, sorrindo os sorrisos raros.

Escondeu-se o meu tato em tua boca ingrata,
Que mamava da gata o leite, em vis deleites
De luxúria — o luxo de quem nunca acata

O Amor e seus desejos castos ou ardentes.
Escondeu-se em minhas fibras ora exânimes,
Febre por tua anil carne, lábios e dentes!…

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...