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Nem Todos os Dias são Maio



Nem todos os dias são maio…
Há dias que a queixa explode,
Há dias que o choro se alegra,
Há dias que os vivos padecem,

Há dias que os mortos remoçam,
Há dias que o tédio demora
E não quer sair nem com a gota-
Serena! E você fica triste,

Igualzinho ao peixe torto,
Debruçado nas grades tortas
Do aquário, esperando a morte

Da bezerra, que não vem; vem?
Aí, uma lágrima quer brotar
Em seu rosto… Mas, você é forte!

Autor: Edigles Guedes.


Colo e Sina



Mui cuidado:
Colo e sina!
Brisa meiga
Queima rosto.

Chã canela
Deixa marca.
Mar parcela
O Eu por vários

Meses findos.
Há sorrisos
Lindos, bem-

Vindos! Colo
Rindo, gamo!
Sina, bramo!

Autor: Edigles Guedes.


Peito Magoado



Olhos fitos em rosto soberbo;
Surdos, rimos da prova sem dor;
Duros mimos em colo travesso;
Mudos tidos os lábios reversos…

Como falas de vil desamor?
Há bafejo de biltre meloso?
Tinges face de rúbida cor;
Calas gesto nos ares; quimono

Cai bocado, de flanco, silente;
Tapas boca com dedo em riste.
Certo, boa sentença brandiste?

Cá, que nunca! Largaste pingente
Dado… Feres o peito magoado,
Como fera com dente crispado!

Autor: Edigles Guedes.


Todos Ouvem



Quem me dera um mocho cantasse
“O Danúbio Azul”! Plenitude
De prazer voraz abriria
Os sentidos, já adormecidos

Pelos sãos! Às vezes, pruridos
Brotam sonsos, vale nenhum…
Todo siso cai do primeiro

Degrau — tropeço mui valente.
Sorriso invade rosto, crente
Que abafa zoada firme e forte
De queda livre. Soalho ruge,

E todos ouvem tua queda
Tonante: rio de muitas águas,
Cachoeiras rijas, lisas mágoas…

Autor: Edigles Guedes.


Perfume de Sonho



O sonho a sonhar-te…
Te fez um favor:
Encheu-te de carne…
Restou, com amor,

O lábio de flor…
Cativo, contigo
Me firo; doído,
Me giro; castigo

De afeto com dor…
Evola perfume
De ti, que consume

Um beijo perdido,
Em rosto cingido
De cinza e calor…

Autor: Edigles Guedes.


Venço por Estouro



Em vendo, contristo,
Por rosto de misto
Salgado com doce.
Persiste; esboce

Carinho; desenhe…
A gata, que prenhe,
Me faz a carícia
De moça. Felícia

Sorri da agrura.
Fremiu criatura
No berço de ouro?

Vivi desventura.
Sofri de secura;
Mas venço, estouro!

Autor: Edigles Guedes.


Czarina



Tomava tenência,
De modo que toma
A xícara forte
De chá vespertino.

Sentado, à mesa,
Admiro o rosto
Que tanto fascina.
Sinal de demência?

De sério, retoma
Monárquica sorte.
Me faz, por latino,

Amar a bruteza,
Que tanto desgosto
Suscita, czarina.

Autor: Edigles Guedes.


O Barco que eu sou

Um barco inclinado. Atracado no litoral. Um pássaro empoleirado no barco. A lua envolve o pássaro e uma parte do barco. É noite.



Desadoro o difuso azul de meigos olhos,
O pouco verde muro de música pele.
Bravio, que me lanças, ó mar!… Eis compele
Sargaços sobre o meu dorso aos duros molhos.

Desadoro esse informe gesto de teu rosto,
Tampouco do incolor sujo de tuas pernas.
Vento de valorosos brios, ó, com ternas
Palavras furibundas a bom tira-gosto!…

Desadoro as selvagens ondas mais umbrosas,
Como lenços nocivos que choram sem rosas.
Qualquer dia arvorarei velas em plúmbeas ilhas?…

Desadoro o barco que, decerto, eu sou.
Barco cego, nu, tosco e mouco, que passou
Da linha de refregas pelas Tordesilhas.

5-4-2015.



Memória de Lince



Eis a fotografia do teu rosto,
Pendurada no meu quarto e peito,
Onde bate (e como bate!…) tosco
Coração tão carente e mais doído!…

Eis a fotografia de tão tácita
Cútis tua — esse cálice que queima
Minha pele desnuda, e rude, e pálida,
Com teu hálito, má contrapartida…

Eis a fotografia de tão cálidas
Maçãs dos lábios teus — oásis suaves
Em deserto de areias inauditas…

Eis a fotografia assaz símplice
E tua, na tatuada grave lacre
Da minha acre memória, vago lince!…

Autor: Edigles Guedes.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...