Gastei-me, a sério, ao ver-te sobranceira;
Deitada debaixo de prófugo jambeiro.
Bom-dia que vai com as pressas ao barbeiro;
Não espia de lado pra flor, sobremaneira.
Gastei-me, chistoso, ao ver-te, de maneira
Que esses impávidos olhos, os solteiros,
Deitaram atenções demais, tão mexeriqueiros!
Pejei; sabia não que nublado Céu, faceira,
Capaz era o seu despejar de Anjos alados!
Havia em mim Sonho perdido por brunido
Amor, tanto raro, quão casto, ora sofrido!
Qual Anjo que agita duas asas, lado a lado,
E voa ao serviço frenético de Deus…
Ligeiro, gastei-me nos olhos, ó olhos teus!…
Autor: Edigles Guedes.