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Água e Vida



Água esmorece sobre a pia:
Fio fininho, pois, se finda;
Té não sobrar sequer suspiro
Da torneira, que ora sofria…

Sofria de saudade tão pingue…
Por bocadinho, quase o queixo
Cai da fronte, intacta de lágrimas…

A vida desabita as páginas
De tais lamúrias encardidas,
Por fábula acúlea das mágoas…

A vida, de quando, deságua
No leito de outra vida idília;
Não perde tempo com lamúrias,
Antes, engendra mais a vida…

Autor: Edigles Guedes.


Suspiro de Memória



Manifesto sinal
Que trem descarrilhou…
A embusteira ampulheta
Do tempo, tão solerte,

Não se prostrou… final
De jogo, terminou
A mariposa, peta
Da noite que perverte,

Voa sonsinha pra cima
Da luz incandescente.
Coitada, não tem forças!

Que avexado aproxima
O derradeiro e ciente
Suspiro de memória.

Autor: Edigles Guedes.


Baba de Caim



Retiro um papel cru da gaveta,
Está sujo, empoeirado pela
Sarjeta do tempo obscuro, além;
Distante, escuto um coro de améns,
Entoados pelas muitas cigarras,
E cada uma espantando os seus males.

O papel em si, é simplesmente
Um papel comum, sem os rabiscos,
Sem escritos ou linhas de pautas,
Mas suspira, como vivo fosse.
Tenho tosse, resquício de tarda
Pneumonia, que afetou meu filho.

As Horas gotejam tão demente
A derradeira baba de Caim!

Autor: Edigles Guedes.


Versos que não Cabem na Garganta



Há versos que não cabem na garganta!…
São tão compridos, demais tão compridos,
Que estouram na página de papel almaço,
Em franco olhar de atirador de elite:

Bum! um projétil de palavras sonsas —
Ora miúdas, como formiguinhas velozes;
Ora graúdas, como açúcar no açucareiro;
Ora medianas, como estatística

De dados assombrosos, esquecidos
Na prancheta do tempo remontado.
Há versos que não cabem na garganta!…

São cruéis demais para caberem todos
Na minha mão — mão tão grande quanto o mundo!…
E o que dizer para caberem na garganta?…

Autor: Edigles Guedes.


Meu Filho



E fazia-me de cavalo crédulo, pelos prados
Da América; enquanto deleitava-me com as Horas,
A passearem por ruas mofinas — longas demoras!
Que infindas Monotonias partiam ao meio alados

Versos! Indignos de constarem numa ata de reunião…
O que dizer de constarem num livro aberto ao sol?
Brincávamos de esconde-esconde em terra imaginária…
Jamais a Terra do Nunca haverá de se comparar

Aos campos, viçosos e verdejantes, que nós sonhávamos…
Havia fartura e teimosia, como Outrora;
Porém, o mundo era mais justo e tínhamos teu sorriso

Para alegrar o tempo de sol-posto, no horizonte…
Meu filho, enxota, põe para fora os olhares duros,
Há tantas terras para desbravarmos jungidos, juntos!…

Autor: Edigles Guedes.


Tivéssemos Asas



Ah! se tivéssemos asas,
Como os pássaros!… Casas
Faremos, de galho em galho…
Seremos felizes, caro

Amigo do tempo oblíquo…
Saudade faria morada
Em nosso peito perspícuo?…
A mágoa voaria pra longe…

A lágrima sorriria
De felicidade pia…
Ousaria alguma tristura

Despertar-nos da quimera?…
Viveremos sem amargura,
Tão segura na moldura…

Autor: Edigles Guedes.


Favor



O vento não balouça
Cadeira nem cruzeiro;
O tempo não remoça
Liteira nem sombreiro.

Palavra não traduz
Amor assaz; cuscuz
Me deixa festo; triste
Me torno, quando viste

Partido peito rijo
Chorar por mimo; frijo
O quengo, só de rude
Pensar. Favor, me mude!

O beijo, antes, ferve
A face, quando serve.

Autor: Edigles Guedes.


Rasga Carne



Lanço flores, ao vento;
Peço cores, ao tempo;
Canto dores, à tarde;
Dentro, peito que arde!

Sinto boca sedenta;
Minto: ninho sustenta
Pinto
— fome aumenta?

Lanço chores, ao vento;
Danço dores, de manha;
Dó e flores acanha;
Canto peito chaguento.

Finjo pouco ciúme;
Faca: muito de gume,
Rasga carne
— estrume!

Autor
: Edigles Guedes.


Fuxico



Ao nosso encontro,
Assíduo que fui.
Instante, espero.
Parece eterno

O tempo puído.
Eterno, advém,
Amor que dedico.
Anil desencontro

Pintou, por ali.
Minutos, tolero.
Aspiro a terno

O cenho moído
Por lágrimas sem
Calor ou fuxico.

Autor: Edigles Guedes.


Perdida é a Rosa



Sorri, ao passar o Tempo — macabro
Menino de asas, sequer um rosto…
Trocista, terrível, com peito glabro,
Propaga nas vidas um til desgosto…

Debocha das minhas galochas tolas,
Tal como debocha do passo à toa…
Perdido porque é nas róseas auréolas
Do parque da minha infância… Destoa

Genuíno do barco no mar (que sou!)…
Cruzando os sete já mares dantes
Singrados, embora secos… Estou

De sempre partida, sem um começo…
— Me dera que tudo fosse qual antes!…
Por isso, que, tempo ao tempo, eu te peço…

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...