Concedo-te, legitimamente, um belo beijo,
Desses que ficam dependurados nas gravuras,
Por trás da porta de casa, só para o deleite
Do dono, e de mais ninguém; pois, ninguém saberá
Do beijo que se esconde por trás da porta absorta
De casa, de tão sigiloso, e secreto, e simples,
Capaz de arrebentar meus lábios de ardores mil.
Um beijo, concedo-te!… Arde o lume do desejo
Nesse legítimo beijo — desentupidor
De pia das mágoas e lágrimas do Destino,
Que se diverte ao provocar bílis e dores
Incontáveis, como titeriteiro com sujas
Marionetes, todas manipuláveis a cordas
E madeiras, sem leis, sem regras, sem compaixões.
Autor: Edigles Guedes.