Bem-te-vi,
ó meu bem-te-vi!… Por que choras assim?
Eu sou teu irmão de
bico e cântico, repito,
Pois, as mesmíssimas palavras
frequentemente;
Não me assombro com isto, ao contrário,
desencanto
Varre o meu íntimo, em cabal tristura;
suplanto
Tudo com sorriso sonâmbulo pelos dentes
Da boca,
adormecida pelo meu canto tão fácil…
O canto não é ledo,
nem triste; antes de tudo,
É somente sóbrio, como sóbrio
são as manhãs
De Primavera no Sertão adentro ou
afora;
Maiormente,
sóbrio e seco; tão seco, que amarga
A língua do
dizente, expondo o retirante
Ao risco de viagem renhida para
longes
Terras, tão distantes do lar e do meu cantar!…
Autor:
Edigles Guedes.