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Covarde



O gáudio dos dias de Outrora,
Recorda-me o quengo demente,
Por esta cadeia docente:
— Quimera, por nome e batismo.

Cadeia temente de carnes
Que vagam por água sinistra:
Carbono e anágua registra,
Em túrbida vida, covarde!…

Confesse querença de sobra
Por Dama franzina, de modos
Apáticos, sonsa; mas obra

Calor demasiado, com pernas
Oblíquas de trêmulas, ternas
Palavras gaguejas, hibernas.

Autor: Edigles Guedes.


Um Beijo na Fronte



Regaços mil de maravilhas
(Que gozo, mais!), nas redondilhas
De abraços vários… A Senhora
Cativa em braços namorados…

Me põe de lúcidos os joelhos
Aflantes… Pernas que suportam
O peso ingente das blandícias…

As mãos escorrem no espinhaço,
Que nem a mágoa no chuveiro…
Um banho para refrescar
A carne, cheia de avidez…

Mas, onde guardo as pudicícias?…
Um beijo casto afivelei
Na fronte afável do meu bem…

Autor: Edigles Guedes.


Mar em Fúria



O túrbido mar, que canoras as ondas
Se vão triturando, rasgões, hediondas
As vozes das águas em fúria gigante.
Agita desânimo dentro da gente.

Carótida pulsa com medo faiscante.
O corpo, de mórbido, estático; sente
As pernas, de trêmulas, tácitas; quente,

O ventre carece de pulo por boca
Afora; suor escorrega por face,
Agora; bastante gagueja por mouca
A mente. Sossego que tanto me lace

No tempo de duro perigo flagrante!
Cabelos de mar? Evadidos. Demente,
Se dana com náufrago o barco decente.

Autor: Edigles Guedes.


Mamulengo



O pobre mamulengo
Que herda avoengo
O bem de venturado:
O queixo derribado,

Os olhos destrinçados,
Cabelos desgrenhados,
Os pés desenxabidos,
Ouvidos inibidos,

As pernas iludidas,
As mãos de avenidas.
Anil insensatez!

Lição desenredada,
Tarefa deslindada:
Madeira putrefez!

Autor: Edigles Guedes.


Carro, Louco e Jade



Eis que tinha coragem…
Carro, crê, em garagem,
Pega trancos e goles,
Come chave inglesa,

Bebe óleo retinto.
Fome tange semáforo;
Sede dói na garganta.

Eis que tinha bondade…
Louco vê, em hospício,
Pernas bambas e moles.
Vil razão, que se preza?

Nada! Tico de siso?
Quem me dera!… Que canta?
Jade grita: — Suplício!…

Autor: Edigles Guedes.


Bosque



Caminho por bosque.
A dura cerviz
Dispõe os apuros
Contigo, Senhora.

Remédio que há?
O simples parir
De pernas, carreira.

Você? Desenrosque
A cara! Prediz
Profeta o furo
No muro, agora.

Raposa, de má,
Que vá colorir!
Que venha asneira!

Autor: Edigles Guedes.


Formiga



As pernas esticam
Carreira; volvera.
Andeja. De canto
A canto, perquire.

Antenas suplicam.
Socorro de fera.
O quanto e tanto
De tênue adquire.

Escapa de botes
Certeiros do trágico.
O truque de mágico

Em átimo lúdico.
O hino talmúdico
Entoa aos lotes!

Autor: Edigles Guedes.


Mesa



Retângulo tenso, firmado no soalho.
Destranca o gáudio, brotado no borralho.
As palmas (que curvas!) me lançam um sorriso.
As pernas entortam, silentes. E reviso

O livro das horas, às quatro da matina.
Candeia luzente, conquanto a buzina
De carro troveja. O livro rumoreja
Agruras e lástimas; sono sacoleja

Vigília; os olhos por triz que desfalece.
A forma: estética gris empalidece.
A mesa me chama; a pálpebra estica.

E eu surpreendo-me:
Chega de peitica!
Amiga belisca; despeço-me da lida.
A mesa, porém, permanece
traduzida.

Autor: Edigles Guedes.


Cadeira



Quadrúpede quedo, capaz de mudez
Assídua. Longínqua, desfruta viuvez.
Em quatro, as pernas embuçam sensato
Espaço, pejado. Fechada (que lindo!)

Sufoca a fala. Produto, que rindo,
Robora sestrosa sequela de chato.
Farol no dilúvio de móveis, que raro
Se mexe de flanco a flanco, deparo.

Espalda que deito o dorso — recosto
Doméstico, colo zeloso. Disposto,
Estudo o livro da liça. Contesto

A luz que alumbra, licença, que preço!
Cadeira deslumbra; presença que meço.
E eu que servi de assento molesto!

Autor: Edigles Guedes.


Passos



Restrugem pela estrada os passos de cetim.
Tesoura tosquia tarde e tímpano, assim.
Menino brinca, folga címbalo de beca.
Um homem solta a voz de tátaro. Rabeca

Que coa sua corda cínica e acesa.
A saia pula e voa, pânico arrevesa.
As pernas trilam canto sádico. A chuva
Persiste, tomba cãs magnânimas. A saúva

Que marcha, isenta e solta, cândida pantera.
Viúva açaima o peito, espúria que pondera.
Trigueira assoma, jeito de onça à sincera.

Solteira rosna atroz lamúria que tolera.
À margem, ronca algoz leão com o bramido.
E eu o pouco sei além do que sabido!

Autor: Edigles Guedes.


Bactérias



As batatas fritas de tuas pernas,
Longilíneas, deitam-me afrontas ternas!
O que digo faz o sentido ou senso
A pular, de galho em galho, feito

O macaco sabe que seu defeito:
Os cambitos — laços demais extensos?
Escapole riso, vivaz pilhéria.
Recriminas; siso, exiges; léria.

Esticar o beiço por bruta birra.
Inflamar o peito de pulcra esfirra.
Desatar o bico de bicho em férias.

O que digo verte linguagem ácida.
O galgar de gata dengosa, plácida.
Destronar as tontas, gentis bactérias!

Autor: Edigles Guedes.


Potó



Potó-pimenta estica as pernas; acrobáticas,
As linhas puxam; ferem agulhas; em ginásticas
Longínquas, saltam tortas; ganas de Arlequim.
Avexa-se nas calças de Polichinelo!

Bichinho papa pó e pútrida pimenta;
Que cospe fogo-fátuo e brusca malagueta;
Que chispa longa estrada e curva no jardim.
Engancha-se nas mangas de um ritornelo!

Fugaz moleque trepa dobras e pescoço:
Horror da carne viva! Corda suspendida…
O pêndulo veleja que no alvoroço!

Aranha tece, volve dráculas de anelos
Por pele grossa ou lisa: sádica bandida!
O sândalo peleja que a contrapelo…

Autor: Edigles Guedes.


Flagelo sem Flauta

Casal abraçados. Um pé de árvore ao lado. Pássaros voando. E uma lua enorme, envolvendo o casal.



Quando vieste, eu disse assim: — Jamais
Escrevo outro soneto ou melodia!…
No entanto, ao fitar tão ingente cais
De doçura… Tal qual chuva serôdia,

Inunda o meu atroz ser sentimento.
Das entranhas no abismo, acolá, nasce
Esse flagelo sem flauta, tormento
Sem comento, apascenta-me que pasce.

Se vivo, eis que já não sei, ou morro;
Se respiro ou transpiro, acá; se corro
Ou fico. Sei lá… subo ou desço? Minto

A mim mesmo. Confesso, Amor, calo
No meu peito a linguagem ardente. Ralho,
Com as pernas bambas, caro Amor que sinto!…

3-1-2016. 

O Barco que eu sou

Um barco inclinado. Atracado no litoral. Um pássaro empoleirado no barco. A lua envolve o pássaro e uma parte do barco. É noite.



Desadoro o difuso azul de meigos olhos,
O pouco verde muro de música pele.
Bravio, que me lanças, ó mar!… Eis compele
Sargaços sobre o meu dorso aos duros molhos.

Desadoro esse informe gesto de teu rosto,
Tampouco do incolor sujo de tuas pernas.
Vento de valorosos brios, ó, com ternas
Palavras furibundas a bom tira-gosto!…

Desadoro as selvagens ondas mais umbrosas,
Como lenços nocivos que choram sem rosas.
Qualquer dia arvorarei velas em plúmbeas ilhas?…

Desadoro o barco que, decerto, eu sou.
Barco cego, nu, tosco e mouco, que passou
Da linha de refregas pelas Tordesilhas.

5-4-2015.



Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...