Os
girassóis são satélites do Sol;
Pois
cada qual gira derredor do Sol,
Por
movimento contínuo do terreno
Coração — servo da sina tão
serena.
Ah! eu, que não nasci girassol, engreno
A
máquina silente, que me condena
A viver por esquinas e ruas
sujas,
Nas sarjetas do Ser, nas valetas tortas
Do
Nada; enquanto, claudicante, me fujas
Das
minhas mãos, que nem um rio de
mortas
Nascentes! Tu, somente tu, vasto Amor!
És
capaz de me pôr de espantos, quando,
Cá, assisto um girassol,
em pleno calor
Do meio-dia, ninar
a
terra, cantando.
Autor:
Edigles Guedes.