Mostrando postagens com marcador Dor. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dor. Mostrar todas as postagens

Norte


Por que me sorris,
Com teu riso sáxeo?
Se você não quis,
Jogue-me no aéreo

Do avião bimotor;
Só assim de dor
Serei mui feliz!
O mar: bem-me-quis;

Onde meu delírio,
Gentileza-lírio,
Deixa-me com ares

De frutos. Pomares
Nadam por esporte?
Amarrei meu norte?

Autor: Edigles Guedes.


Sussurro e Murro



Um ventilador
Resolve ficar
Quieto, caluda!
Um vento de dor

Dissolve finar
Seleto; boazuda
Germina na flor,
Gerando sabor

Aos puros de dor.
O gesto, que Amor
Me grela o ferrolho,

Que ponho de molho.
Escuta o sussurro
De boca no murro!

Autor: Edigles Guedes.


Perplexo



Parece pássaro encantado,
Em fonte de água deleitosa,
Sequer observa em redor,
Atento ao ato de sorver.

O líquido magro e fino
Escorre por bico de hino:
A sede gulosa ao viver.
A cúmplice fronte com dor,

Por não amar completamente
O instante, cujo demorado
O beijo deixa-me perplexo.

O riso me sonda cabal.
E vivo me queres de mau-
Humor ou pavor de fritura.

Autor: Edigles Guedes.


Peito Magoado



Olhos fitos em rosto soberbo;
Surdos, rimos da prova sem dor;
Duros mimos em colo travesso;
Mudos tidos os lábios reversos…

Como falas de vil desamor?
Há bafejo de biltre meloso?
Tinges face de rúbida cor;
Calas gesto nos ares; quimono

Cai bocado, de flanco, silente;
Tapas boca com dedo em riste.
Certo, boa sentença brandiste?

Cá, que nunca! Largaste pingente
Dado… Feres o peito magoado,
Como fera com dente crispado!

Autor: Edigles Guedes.


Amor



Cambaio, deito
Por sobre relva,
Se bem que leito
Melhor seria.

A gota pinga,
A chuva xinga,
A folha vinga,
A dor à míngua.

Amor à língua.
Amor sacia,
Amor à selva

De pedra rude.
Comigo peito
Avém; ilude!

Autor: Edigles Guedes.


Rendição



Eu me rendo desbragadamente…
Como não ceder à tez ardente?
Como não falar de mãos arteiras?
Como não calar o peito calmo?

Caso sei a dor que teima tanto
Dentro de mim? Caso sei o quanto
Custa-me dó sem o ré de fá?
Puxo mesa, bule, tomo chá.

Eu que sei: bandeiras despregadas
Mais que voam, voam, quando cheiras
Meu cangote, deixas as pegadas…

Corpo tine nome tão de almo…
Solfo canto doce: desatino…
Solto pranto, sinto? Azucrino…

Autor: Edigles Guedes.


Risco de Giz



Cachorro zurze
A mosca torpe.
Fastio sinto
Em boca torta.

A dor molesta
A carne morta?
Um quadro pinto?
Amor encorpe!

A linda urze
Encanta olho.
A tez recolho.

A onça, besta:
Que sabe, diz?
E risco, giz!

Autor: Edigles Guedes.


Noite



A Noite ruge.
Um lago plácido
Destrói o ácido
Humor, que muge.

A vaca, dente
A dente, mói.
Capim ridente.
A Dor me dói!

A brisa uiva
Um vento brando…
Estrela ruiva

Destila pando
Viver. Espaço:
Iglu abraço!

Autor: Edigles Guedes.


Cochilo



Matraca que feche!
Silêncio, melhor.
E bem que me cata
Piolho visível

Aos vossos luzeiros,
Enquanto cochilo
Em vossos abraços.
O arco me fleche!

Quieto, Amor!
Calor que me mata
Por dor aprazível,

Prazer por inteiro;
Enquanto, tranquilo,
Repito os laços.

Autor: Edigles Guedes.


Penas



Semeio as penas
A quem desmerece
As penas de Dor.
Desdém por Amor,

Que planta, silente.
Cultivo semente,
Dispõe-me contente,
O homem carente.

Careço de plena
A paz da folgança,
Calor, abastança.

Careço de prece.
Guarneça a flor,
Acaso se for!…

Autor: Edigles Guedes.


Pinote



Ao nascer, galopei a Estrela d’ Alva,
Que brilhava; pondero: trela e calva.
Ao crescer, naveguei estreito mar,
Que bradava; sopeso: leito e lar.

Sorridente, vingou o siso — gato,
Que traquinas, viveu o falso chato.
Diligente, pingou o mel na sopa,
Que salgada, torceu o vento em popa.

O pinote do Amor — cavalo manso
Que solapa o coice brusco e ranço.
A bisonha (que Dor!) veleja oceano

De potocas inúteis. Desço o cano
Da agonia, por onde mordo triste
A fatiga: ocultar o Amor que viste.

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...