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Mastigava



Ah! caso eu pudesse… mastigava-te todinha,
Como se mastiga um fruto suprimido pelo
Prazer inconfesso de mastigá-lo, bocado
Por bocado, em boca sequiosa por um beijo.

Sem embargo, tu não te rendes aos meus desejos
Mais rútilos, de fruta caída do pé de árvore,
Despedaçada aos teus pés de anjo, tão docemente
De lascívia aos desfrutes dada, devoradora.

Ah! caso eu pudesse… mastigava-te, frutinha
Por frutinha, como se colhesse uma flor, feita
De amor e artimanhas muitas, a carícia eleita,

O dengo escondido na víscera de perfeita
Criatura: mulher, ainda que demais aflita
Ou afoita, suscetível aos temperos da cólica.

Autor: Edigles Guedes.


Derreti



Claro, arranquei, por detrás da roseira,
Um belíssimo espinho dos olhos teus;
Todavia, esqueci-me de arrancar
Um pequenino cisco dos olhos meus.

O dito espinho cravejou no meu dedo;
A princípio, doeu; tempestuou, sem medo,
A minha fronte contra
o espinho na carne.
Com ternura própria de mulher trigueira,

Você deitou
suas mãos lívidas nas minhas
Mãos, e bravamente sorriu para mim…
Você desovou o nocivo espinho abaixo…

Por pouco, arrepiei carreira; mas, você,
Sempre você, assoprou-me o dedo sofrido,
Fez-me um
denguinho qualquer, me derreti!…

Autor: Edigles Guedes.


Pulga com Carinho



É pequena a pulga, escura e pula;
É treteira e suga o sangue pio.
Ah! debruça, pura e sã: desdita,
Feito carne na panela, frita.

Ah! veneno das manhãs de inverno!
Neve alguma cai no seio materno
Do sertão, que cheira ao nu licorne…

É miúdo o meu carinho, pune
Tão pertinho; vai, mansinho; pisa
Dengo; move mãos, divã, mulher;
Torce pernas, pés. Nariz requer

Cheiro tão sublime, minha Alteza!
Pode não… Esconde, minha bela,
No tugúrio! Ou: fera engole, anela…

Autor: Edigles Guedes.


Diamante



O bem que me queres é de cristal:
Que tão delicado fica, que meigo
Se quebra; partido, risca sossego
Por prêmio de tarde arisca. Navego

No regaço de mulher fascinante.
No terraço de felina e bacante
Me encaixoto por inteiro, delírio;
Me sepulto de janeiro a janeiro.

Suspiro… Deleite foi de metal
Fundido no peito frívolo e negro
Diamante… No leito vago restou:

O lençol alvinitente; a ternura
De ferido coração; o rabisco
De canção desaprendida, calou.

Autor: Edigles Guedes.


Lençol



De branco, me cubro,
Do quengo aos plintos.
No leito, repouso
Depois de um dia

Maçante. O tédio
Desperta-me, sério.
No meio da noite,
Coragem palpita.

O peito, de rubro,
(E dentro que sinto?)
Me faz curioso.

O quê desafia?
Mulher, de açoite,
Fustiga a chita?

Autor: Edigles Guedes.


Babado



Amor que sabido
De dura a pena.
Por bicho, tomado;
Humor arredio.

Amor que descuido
O meu, me serena.
O lixo, aguado;
Tumor, arrepio.

Amor me depena!
O homem esguio,
Nariz de hiena.

Amásio barbado
Puxou assobio.
Mulher de babado.

Autor: Edigles Guedes.


Cólica



Enquanto dói no homem bruto:
Novela, queima língua, luto.
Mulher difere nisso tudo:
Sagaz, engole dó agudo.

Mavórcia seja, mel, agulha.
Urgente: fogo sem fagulha.
Mulher que é a forte pluma.
— Que vá embora, leve, suma!

Verdade: — Fique, deixe, sigo
Alívio, tocha cesse, figo.
A fúria faz legal contralto.

Ladrido manso, punge salto?
Desata pranto, mil ou cem?
Entanto, vence mal com bem.

Autor: Edigles Guedes.


Beijos



Quisera Deus! que sentisse vossos beijos,
Assim se sente o parir de mil desejos,
Que come siso de homem tão devoto
Aos vossos dogmas de fêmea mais garrida.

Quisera Deus! que cedesse vossas brigas,
Assim se cante o fluir de cem canhotos…
Que fome!… Piso o sujeito tão carente
De vossos crassos carinhos mais ausente.

Quisera Deus! que tecesse vossas teias…
Mulher pacata, mas sangue ferve em veias…
Que sede!… Sugo o leite; gosto muito

De mãos cruas, são-me benesses gratas, fruito.
Quisera Deus! que sondasse vo
ssos braços
Em longos beijos que dá-me vossos laços.

Autor: Edigles Guedes.


Deboche



Peço as mercês à tua beldade;
Rogo, Sestro meu, por tua lealdade.
Onde… já que vou parir os encantos?
Onde… já que vou partir os quebrantos?

Fraco sou e sal, por tua bondade;
Sonho, brado meu, por tua piedade.
Quê? Se toma soez lamento por canto…
Quê? Se toma vil tormento, espanto…

Terço por mulher em tua lhaneza;
Galgo monte frio, por tua torpeza.
Faz cisão por mal pisar no fantoche!

Urge as maçãs em tua fineza;
Clamo, preço meu, por tua largueza.
Faz questão de mal poupar o deboche!

Autor: Edigles Guedes.


Cartas Ridículas de Amor


Não me creia que todas estas cartas
Pipilam de Amor em mim, de tão
Ridículas que são!… A frase ingrata
Não é minha, mas cá de um falastrão,

Que sabia muito bem o que dizia,
Pois ele torturado era de Amor,
Que engendra sua vida no torpor
Do dia. O Pessoa, sim, se comprazia

Em falar-me que disso tanto sentia.
Amor, se era, que em seu ganido peito
Eclodira, não sei.. Quiçá no leito

De um hospital de privança em agrestia…
Mulher, é que sabemos nós o quanto
De tênue há em pós: náusea e pranto!…

Autor: Edigles Guedes.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...