Concedo-te, encarecidamente, um beijo;
Não o concedo como quem concede esmolas,
E anuncia aos sete ventos do oeste e leste,
Com sete trompas dos anjos do Apocalipse,
A sua grande conquista, a proeza inaudita.
Isto, jamais eu faria; sequer em pensar,
Brota em meu âmago tal sentimento fugaz.
Concedo-te, secretamente, um lídimo beijo;
Porquanto somente em secreto é que os beijos
Carecem de assaz concessão, de quem os concedem;
Ainda que sejam beijos fugazes e inauditos…
Desses que surgem de manhã, em ato concebido,
Pra logo se esvair na face de quem os recebeu,
Sem os deleitar, sem os notar, sem gota de pejo!…
Autor: Edigles Guedes.