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O Licorne e a Espada



O livre licorne
Surfava por raios
Argênteos da Lua.

A tarde: de carne
E poços; de arreio
Soberbo; sem freio.

De
pranto, passava
O lívido; sova
Estruge na salva
De palmas, no silvo

De
próprio ninguém.
Espada de gume
Agudo e sem lei
Resvala
fio frio

Autor: Edigles Guedes.


Sirvo por Chão



Quando o Sol nasceu,
Vista, decerto, fecha
Pálpebras, mero feito:
Chave que passa trinco!

Quando o sal tremeu,
Língua, deveras, deixa
Céu de mordaz eleito:
Oh! de canela brinco!

Quando o tal cresceu,
Míngua, liberto; queixa
Cerra o pão e pleito:
Lua no vão do zinco!

Sirvo por chão, de cínico;
Gasto miolo clínico.


Autor: Edigles Guedes.


Maio



Está chuvoso
Respingos mansos
De ouro brando

Boião da Lua

Navega céu
Nublado
Maio
Que surge tarde

Na linha arde

Um férreo trem

O bom descanso
No banco, quando

A nau jejua
De mar ao léu

E corro, caio


Autor: Edigles Guedes.


Luar



Luar mortiço,
De tão castiço,
Me faz sumiço,
À vista disso.

E sou perene;
O barro pene!
Às vezes, minto,
E sou um pinto,

De tão miúdo.
Elã agudo;
O vão extinto.

De órfão, sinto
As mãos d
a Lua
Na minha rua.

Autor: Edigles Guedes.


Manhã ao Luar



Dessa manhã jogada ao luar,
Como se joga milho ao acúleo
Dó galináceo.
Ávido sustento,
Pó que ingere… Pávido, do galo

Brota o grito; grave, a goela
Solta o livro lorde; acastela,
Dentro do peito, férvido ardor;
Duro ardor por beijos e calor…

Dama, de ti evola o perfume…
Tanto estimo, quanto afervento
Lar de prazeres muitos: o regalo.

Lábio de Lua lépida consume
Lábio o meu, ao corpo despertar…
Lábio: amor ao píncaro hercúleo…

Autor: Edigles Guedes.


Noite ao Lar



Dessa noite jogada ao lar,
Como joga a caça de sede;
Onde onça despenca embuste;
Onde o caçador desarruma

Cabelo, tez, aprumo, instinto.
A Lua, sim, tolera estrela
De brilho breve, pus, horizonte
Escuro. Mocho cruja. O riso

Me rasga — aluguel de pavor,
Que nervos os deglutem, se for
Obséquio de glutão lazarento.

Moirejo na lavoura dos sonhos;
E, lá, percalço brinca de luta,
Esconde o desfrute da liça.

Autor: Edigles Guedes.


Altura e Largura



A essa altura,
O bonde partiu,
O peito tremeu,
A Lua gemeu.

A essa largura,
O conde ganiu,
O cão desistiu,
O gato moeu.

A essa altura,
Visconde bramiu,
O leito comeu.

A essa largura,
Responde coibiu,
O chão me encheu!

Autor: Edigles Guedes.


Ingrata



E fora de si,
De tão descontente,
Caminho por rua.
Asfalto tolero.

O pé, que resvala,
Me fala de ti,
Ingrata por tudo!
De mim, um suspiro

Voava em giro,
Em vão, o dolente.
Navega a Lua.

O mar, de sincero.
Estrela pedala.
O vento, saúdo.

Autor: Edigles Guedes.


Escape



Centavo, no bolso.
Caminho por rua
Estreita. A Lua
Desbota um riso.

Estrela espreita
Casal carinhoso.
Um grilo manhoso
Cantava; enjeita

O papo de sapo;
Coaxa sorriso.
Mansinho que piso.

A mão desembolso.
Convém, por fiapo,
Um lindo escapo.

Autor: Edigles Guedes.


Aos Ombros



À boa ventura,
Velejo por mar,
Que torna sonhar
Um meigo penar.

A pena censura
O meu vaguear.
Piloto por ar,
Que gozo por lar.

O vivo no mundo
Da Lua me cabe.
O quê me desabe?

Almejo fecundo
País de assombros,
Que cumpre aos ombros.

Autor: Edigles Guedes.


Flores Singelas



As singelas flores, ao pé da cova,
Dormem já insones, pois jazem mortas;
São de meu amor por ti a pura prova,
Eu que vivo não, mas a Hora torta…

Esta, de asas guias tem, ainda chova
Canivete, nada carece, absorta,
A viver no mundo da Lua… Ah! Alcova
Do meu triste ser, ardil sem a porta!…

Que não sei se minto e o pranto cai…
Que não sei se sinto e o pingo sai…
Salta vale e campo, meu torso grito!…

O porém que dói, sufocado ai!
Que palpita duro, enforcado, atrai
A espada fria da alma ou rito.

Autor: Edigles Guedes.


Febre Anil



Escondeu-se o pranto na boca insensata,
Quando a lágrima ilustre pingou fóssil pingo,
Deveras, molhou minha face — acrobata
Da dor humana, a qual desfruta de perigo.

Escondeu-se o manto no corpo sem braços
— Que mil vezes me abracem!… em desvairados
Abraços, como fossem de levianos laços
De Lua, mel, fel, sorrindo os sorrisos raros.

Escondeu-se o meu tato em tua boca ingrata,
Que mamava da gata o leite, em vis deleites
De luxúria — o luxo de quem nunca acata

O Amor e seus desejos castos ou ardentes.
Escondeu-se em minhas fibras ora exânimes,
Febre por tua anil carne, lábios e dentes!…

Autor: Edigles Guedes.


A Vaga e a Lua



Vagando vai a vaga, voa voluptuosa!…
Navega dura, onda a onda, que me sonda…
Flutua frauta, assaz dorida e fragorosa…
Por onde anda tão famigerada onda?…

Que vai vergando nu o mastro da marítima…
Que nau!… Serei o canto, o brado da Odisseia?…
Que vai soprando a vela de sereia íntima!…
Que cospe aranha em sua intrincada teia!…

A nau — sabor da vaga —, cavalo trotava
Por águas, finos líquidos de parca outrora…
Uma alga pífia, lívida, como salgava

Os braços lentos! qual a menina dengosa!…
No firme Céu, que tão bela Lua decora
De azul e pálio, cútis esta mui formosa!…

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...