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Água e Vida



Água esmorece sobre a pia:
Fio fininho, pois, se finda;
Té não sobrar sequer suspiro
Da torneira, que ora sofria…

Sofria de saudade tão pingue…
Por bocadinho, quase o queixo
Cai da fronte, intacta de lágrimas…

A vida desabita as páginas
De tais lamúrias encardidas,
Por fábula acúlea das mágoas…

A vida, de quando, deságua
No leito de outra vida idília;
Não perde tempo com lamúrias,
Antes, engendra mais a vida…

Autor: Edigles Guedes.


Osga


Nenhuma nesga de céu azul,
Somente a manhã de tenebrosa,
De nuvens a brincar com os cravos
Do céu de outono, com folhas secas,

Mortinhas da silva, silvo solto —
O vento nubífugo assobia
Pianíssimo contigo, tardio,
Exíguo, com gastura pra dar,

Vender, comprar e desperdiçar.
Nubífero trovejou suas mágoas.
Imbrífero calejou suas tréguas.

Estou gafo pra acabar com isso:
O tudo que me restou no copo
De cólera, bêbado por osga!

Autor: Edigles Guedes.


Andorinha



Chutei um balde
com Horas:
Um pontapé retumbante!…
E cavalguei por esquinas
E ruas, todas pintoras

De angústias chocas, bastantes
Sequiosas… Mágoas sentidas
Por quem caminha nas quinas
De mesa de escritório,

À caça de algum poema,
Jamais escrito na noite,
Que cedo se avizinha…

Ah! doce andorinha, minha
Parceira de quarto e sala
De mundo lúrido, cala!…

Autor: Edigles Guedes.


Concedo-te um Beijo — Dois



Concedo-te, legitimamente, um belo beijo,
Desses que ficam dependurados nas gravuras,
Por trás da porta de casa, só para o deleite
Do dono, e de mais ninguém; pois, ninguém saberá

Do beijo que se esconde por trás da porta absorta
De casa, de tão sigiloso, e secreto, e simples,
Capaz de arrebentar meus lábios de ardores mil.

Um beijo, concedo-te!… Arde o lume do desejo
Nesse legítimo beijo — desentupidor
De pia das mágoas e lágrimas do Destino,
Que se diverte ao provocar bílis e dores

Incontáveis, como titeriteiro com sujas
Marionetes, todas manipuláveis a cordas
E madeiras, sem leis, sem regras, sem compaixões.

Autor: Edigles Guedes.


Todos Ouvem



Quem me dera um mocho cantasse
“O Danúbio Azul”! Plenitude
De prazer voraz abriria
Os sentidos, já adormecidos

Pelos sãos! Às vezes, pruridos
Brotam sonsos, vale nenhum…
Todo siso cai do primeiro

Degrau — tropeço mui valente.
Sorriso invade rosto, crente
Que abafa zoada firme e forte
De queda livre. Soalho ruge,

E todos ouvem tua queda
Tonante: rio de muitas águas,
Cachoeiras rijas, lisas mágoas…

Autor: Edigles Guedes.


Diante o Mar de Sargaço



Mar de sargaço salgado,
Onde mergulho as mágoas,
Onde me banho nas águas,
Onde me queimo, afogado?

Nada percebo: confetes
Ou serpentinas? Paquetes
Singram os mares, ao longe.
Vivo no claustro, qual monge,

Tido por sábio, nos ermos
Ou nas cidades cifradas.
Vivo com muitas ciladas…

Entre findável madorna
E concebível bigorna,
Fica tangível nos vermos…

Autor: Edigles Guedes.


Rosas e Rúpia



As rosas desmaiadas
Esperam por um beijo
De ti; vivificadas,
Sorriem
Caranguejo

Contente por afago,
Carícia
Um agrado
Qualquer
Me embriago
Em lábio descarnado!


E ébrio de volúpia
Navego… Por que rúpia?
Por águas caudalosas,

Por mágoas deleitosas

Subjugo os cabelos,
Desbravo os chinelos


Autor: Edigles Guedes.


Dias que não é Brinquedo



Há dias que não é brinquedo;
Todos, sérios, fogem do enredo
Da hilariante vida;
o medo
De alguma calamidade,

Anunciada nos jornais
Matutinos, antes do meio-
Dia em ponto, sol a pino;
O medo que uma barragem

Qualquer estoure suas águas,
Cheia de lama tola e mágoas,
Cheia de vidas despojadas.

Há dias que não se profere,
Ao menos, Amor — m
urcho em terra
Rasa do coração humano!

Autor: Edigles Guedes.


Tonteira



O poema se contorce em linhas agudas.
O doente se comove; espinhas e bulas.
O peixe no aquário: diz que das gulas?
As linhas no papel se vão vagabundas;

Que tecem umas letras gris, navegando
Por entre umas tardes; frios aos montes!
A toalha de penedos foge, defronte
Ao grande condolente, mar tateando.

Um pé de tamarindo pinga as mágoas
De lépidas torneiras. Baldes de águas
Que caem da veraz faceta, chaleira.

Vagir que despedaça berço e menino!
Rebento com perder e dor, desatino!
Quiçá um que destroça nuvens, tonteira!

Autor: Edigles Guedes.


Ave Alígera

Uma pessoa com cão. E mais três pessoas. Todas numa ponte. Ao fundo, um pássaro voando alto. É um pôr do sol. O quadro usa as cores: laranja vivo, vermelho suave e preto nítido.



Voou minh’alma contrita: ajo por ida
Sem volta. Queira Deus!… que na partida,
Encontres o que não pude te dar;
O afeto que convinha com enredar;

O carinho solícito de duas
Mãos sem mágoas de agruras, ou sem nódoas;
O beijo que singelo, sem aleivosias;
O anelo — tal relevo sem falésias.

Vai!… Esquece-me o vulgar verme daninho!…
Rasga-me como um mau papel almaço!…
Risca-me de tua agenda, o pulcro ninho!…

Ave alígera vai!… Voe pra laço
De à toa passarinheiro! Cá, definho,
Perdido em minério de selva e aço.

3-4-2015.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...