Memória de Lince



Eis a fotografia do teu rosto,
Pendurada no meu quarto e peito,
Onde bate (e como bate!…) tosco
Coração tão carente e mais doído!…

Eis a fotografia de tão tácita
Cútis tua — esse cálice que queima
Minha pele desnuda, e rude, e pálida,
Com teu hálito, má contrapartida…

Eis a fotografia de tão cálidas
Maçãs dos lábios teus — oásis suaves
Em deserto de areias inauditas…

Eis a fotografia assaz símplice
E tua, na tatuada grave lacre
Da minha acre memória, vago lince!…

Autor: Edigles Guedes.

Febre Anil



Escondeu-se o pranto na boca insensata,
Quando a lágrima ilustre pingou fóssil pingo,
Deveras, molhou minha face — acrobata
Da dor humana, a qual desfruta de perigo.

Escondeu-se o manto no corpo sem braços
— Que mil vezes me abracem!… em desvairados
Abraços, como fossem de levianos laços
De Lua, mel, fel, sorrindo os sorrisos raros.

Escondeu-se o meu tato em tua boca ingrata,
Que mamava da gata o leite, em vis deleites
De luxúria — o luxo de quem nunca acata

O Amor e seus desejos castos ou ardentes.
Escondeu-se em minhas fibras ora exânimes,
Febre por tua anil carne, lábios e dentes!…

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...