Mostrando postagens com marcador Febre. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Febre. Mostrar todas as postagens

Febre — Quatro



Tenho febre. Tenho febre. Febre
Com pintas de tais letras maiúsculas,
Capaz de rilhar os dentes. Fome
Finita veraz febre lateja…

Janela veio bradando por febre…
E tenho as mãos amargas, os pés
Tão tristes de febre, que me arde
Na boca, na língua, nos devassos

E vãos olhos, na velha e tardia
A tez, na fronte de paquiderme.
Confesso que gosto de escrever

Com febre; todavia, o que se escreve
Com febre, quando se está são,
Não vale sequer tostão furado..

Autor: Edigles Guedes.


Febre — Três



Nesse torto instante, tenho febre.
Não sei se existo; para que existo?
Se a Existência me contamina
Com febre hidrófoba, ciciando

De febre curva na minha vida…
Esta febre que, com depressivo
Olhar, me bota em canto de quarto,
No aguardo possível de um surto

De cólera ou será de loucura?
Já não sei o que sinto, sentido;
Já não sei o que penso, pensado;

Já não sei se minto, quando calo
A voz piedosa do coração.
Ah! o elixir que me deixa são!…

Autor: Edigles Guedes.


Febre — Dois



Soa-me leve a frase febril: — Febre!
Nesse instante, tenho febre. Febre,
Não levem ao hospital; aliás, médico
Algum poderá curar-me… Cura,

Pra quê? Se anticorpos demais saram
As feridas pútridas, as chagas
Vorazes. Vivência tão humana…
Com faltas irrepreensíveis; vago

Modelo de bipolaridade,
Que se perde divido entre isso
E aquilo, discórdia raivejando

Dentro de mim, o Inconsciente
Mais que consciente me devorando,
Como a Esfinge de Édipo brando.

Autor: Edigles Guedes.


Febre — Um



Tenho febre. Tenho febre. Febre.
Nesse instante, tenho febre. Febre.
Nesse firme instante, tenho febre.
A febre de todo o mundo basta?

Basta-me a febre incessante, muda,
Que tenho — galopante cavalo
Que corre, corcoveia, ao passo,
Ao trote, sem rédeas ou bridão,

Que carrego comigo no corpo,
Já cansado de tantos perigos,
Já cansado de tantos abrigos,

Desta vida de poucas palavras,
Deitadas num caderno qualquer,
Já cansado de soez desatino.

Autor: Edigles Guedes.


Febre Anil



Escondeu-se o pranto na boca insensata,
Quando a lágrima ilustre pingou fóssil pingo,
Deveras, molhou minha face — acrobata
Da dor humana, a qual desfruta de perigo.

Escondeu-se o manto no corpo sem braços
— Que mil vezes me abracem!… em desvairados
Abraços, como fossem de levianos laços
De Lua, mel, fel, sorrindo os sorrisos raros.

Escondeu-se o meu tato em tua boca ingrata,
Que mamava da gata o leite, em vis deleites
De luxúria — o luxo de quem nunca acata

O Amor e seus desejos castos ou ardentes.
Escondeu-se em minhas fibras ora exânimes,
Febre por tua anil carne, lábios e dentes!…

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...