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Bucho e Bomba



E xingo a mim mesmo

Careço, decerto,
Do livro descrito
A sete tinteiros;

Com mãos de palhaço,
Tentando, num traço,
Fazer uma graça
Ou simples piada.

Mas, sigo na raça
De cão
Decifrada
Poesia? Quem dera!

Na jaula, ribomba
O bucho, com fera
A fome. Que bomba!

Autor: Edigles Guedes.


Você Suporta



No Livro Santo está escrito,
Sim: “Suportai-vos uns aos outros”.
Ah, Deus! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus!
E eu que não suporto um sorriso

De gato ou sequer um latido
De cão? Se alguém me olha de lado,
Atravessado, qual fiofó
De calango, sou bem capaz

De irromper a Terceira Guerra
Mundial, só pra ver o cabra
Se borrando de medo, ali!

Mas, você? Suporta esse mundo,
Como um Atlas sustenta o mundo
Em seu dorso
— a mais tão divino?

Autor: Edigles Guedes.


Borboleta e Eu



De o
uro, borboletas
Se vão por entre flores…
Navega suas dores,
Por mares de sarjetas…

As asas de cornetas
Miúdas e caretas
Provocam riso
s — setas
Que voam como retas,

Além do infinito —,
Enquanto eu espirro
A linha em negrito.

Na terra, me acirro,
E qual um cão escrito
Em casa, eu me grito!

Autor: Edigles Guedes.


Abelha, Estrela, Cão e Eu



Zunzum de abelha-operária,
Na hora franzina, matinal.
A cera, que fazem, por enquanto,
Mercê de cimento e tijolo;

Por isso, a casa sobreleva.
De tanto arisca, edifica
Colmeia de nil hexagonal?

E eu — que estrela donatária! —
Navego os céus por desencanto
E minha a voz lhe acrisolo
No peito infante, abissal.

Sacudo coleira, mas escreva:
Que cão, por doméstico, salpica
A língua em dono abismal.

Autor: Edigles Guedes.


Cemitério



Longe, muito longe daqui,
Houve fato fútil, de rima
Leve, solta; doce estima
Brota, como mal de zumbi.

Noite faz terror de zabumba.
Passo moitas mil; cemitério
Late muitas almas: mistério
Dobre; fora, ventos; a tumba

(Cão que dorme, lago de sonho;
Mocho coça perna pirata;
Gato vivo anda risonho)

Abre, sim, desperta coveiro,
Ouve voz de sonsa barata.
— Mãos estica, pai de chiqueiro!

Autor: Edigles Guedes.


Sina



A sina surda
Me poupa vista
De torta vida.
O fado mudo

Me faz ouvido
De Seu Doutor.
Destino cego
Convida prego;

Martelo bate.
Cabeça late.
O cão, fedido,

Me pe
rde tudo
E não vi nada,
Mas siso brada!

Autor: Edigles Guedes.


Altura e Largura



A essa altura,
O bonde partiu,
O peito tremeu,
A Lua gemeu.

A essa largura,
O conde ganiu,
O cão desistiu,
O gato moeu.

A essa altura,
Visconde bramiu,
O leito comeu.

A essa largura,
Responde coibiu,
O chão me encheu!

Autor: Edigles Guedes.


Declaração de Amor



Declaro amor,

Que sinto por ti.
Incluso no peito
Me arde de jeito

Afeto benquisto.
Quieto, conquisto
O teu coração.
Detém-me calor

De mãos que afagam
A face secreta.
Me lança a seta,

Alveja-me. Vi
No piso um cão.
Os membros me chagam!

Autor: Edigles Guedes.


Leito



Pinóquio à mesa.
O vento volteia.
Um forte briguento
Disputa por mão

De bela donzela.
E durmo que deito.
Convém contramão.
Lobato, franqueza.

Aranha em teia.
Sabugo sedento
Discute com cão,

Por tênue mazela.
E pouso no leito:
Cabeça, que não…

Autor: Edigles Guedes.


Não te Deixes Vencer



Quando vires a mim, por obséquio,
Peço: deixa tristonho Pinóquio,
Tão egrégio, seguir descaminho.
Rude, feres alguém que sozinho

Vaga? Ruas de quinas, falácias;
Becos, curtos, de mil peripécias.
Chuto muito tampinhas a esmo.
Nave voga vulgar, ensimesmo.

Gato lufa por essa estrada.
Mocho luta, chirria e brada.
Cão que ladra e pouco que morde.

Eu que nada padeço; de lorde
Ando, queixo vexado, disperso.
Não te deixes vencer por Perverso.

Autor: Edigles Guedes.


Madrugada



Madrugada rubra, um grilo late na esquina da rua.
Madrugada fulva, um cão cricrila no cimo da palma.
A palavra curva explode, rompe
no fronte do lacre.
O mistério solta cordas pífias, que cantam a mágoa.

O mormaço outorga vez ao orvalho, que tange calvário.
O silêncio mora ao lado, logo empalha a garganta.
Alumiar de poste torto e grude, que lâmpada cede.
Obsequiar de beijo a esposa rude, que célica dorme.

Ataviar de mimo o crânio curto, que oculta no leito.
O cajueiro seca dores; duras castanhas serenam.
Ingazeiro geme flores; folhas farfalham amores.

O morcego mede passos; caibros que estalam, dolentes.
Caboré tresanda; sonha em sortes, que encantam a vida.
Iludida voz desata, troco de quem matinava.

Autor: Edigles Guedes.


Cego



Me tira sossego
O rijo lamento
De alma sentida.
Bendita que lida

Inteiro o tipo,
De tudo um pouco!
Baú: serventia
Da coisa banida.

Me fica o cego
De olho atento.
O cão, de guarida.

E vou, participo
Do mundo, um louco
Em cru cercania.

Autor: Edigles Guedes.


Coração Ferido por um cão Perdido II


Tu eras peludo até que dizer basta;
Levantavas as patas tristes, gastas;
Amor davas, querer sem recebê-lo
Em troca, por ser esse ato mui belo;

Lambias o meu rosto em afago fora
De hora, embora enjeitasse eu no agora;
Que sempre balançavas, cheio, o rabo
— Eras tão alegre quão caldo de quiabo;

Tu, só tu, manso e amigo, cá, guardava-me
Do trovão, do ladrão, qualquer enxame
De abelha mui carnívora ou vexame.

Quem me dera que Amar tão simples fosse
Assim!… Aí, veio um carro, vrum, vrum!… Foi-se
O cão, catarro qual sem brusca tosse.

9-2-2015.

Coração Ferido por um cão Perdido I


Se, de Amor, coração jaze ferido?…
Direi que não!… Quiçá decepcionado
Por esse lago claro que indeciso
— Tua partida de cão abandonado…

Sem assombro, achei-me compelido
A adejar por esquinas, ruas do bairro…
Machuquei as tampinhas, voei narciso,
Espanquei moribunda Lua de siso,

Estacionei pulcrícomo meu riso
Na garganta grandiosa de Gargântua…
As estrelas que riam da desnua

Agonia, sofreável: querer ver-te;
Embora, no meu imo, a ave verde
Dizia-me da razão que não, conciso.

8-2-2015.

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...