Edigles
Guedes
Insensível?… Por que não hei de
sê-lo,
Se jogaram pedra no meu telhado
De vidro?… Pois, quem ama que é
talhado
Para sofrer, como carta sem selo
De correio… Eis que vivo de amar
fosso
Sem fossa, quando a quem se ama não
pode
A olhos vistos nos vermos… Eia,
sacode
Meu corpo: cemitério de cinza e
osso!…
Insensível!… Que Dor me dói no siso!…
Quando — os olhos tão queridos —
deslizo
Por longes colinas de corpos além!…
Um corvo negro escancara seu riso:
— Vá, telhado de vidro!… Voar e
poiso,
Por ser a quem ama um pálido pelém!…
26-9-2011.