Edigles Guedes
Creia-me: o vento sopra. E o rio (que há em mim) flutua
Qual barquinho de papel ─ Parmênides
Ontológico em estátua perpétua.
Brinco com a desenhada efélide
Em teu umbigo felpudo, de pelúcia.
O ouro do sol atravessa a janela,
Bem nutrida dos suspiros e bafos
Entrelaçados. Manhã de inspiração:
Eu e ela sobraçados, a nau carícia
Em naufrágio de lágrimas. Cadela
Vira-lata deambula, desabafo
De faro catando lixo. Numa ação
Repentina o vento sopra, levando
Consigo a memória esdrúxula de aedo…
31/07/2010
Inspire-se. Surpreenda-se. Viva com leveza. Aproveite os sonetos. O romance. A desilusão. O amor. Leia e curta.
Soneto de pé Quebrado
Edigles Guedes
Caiu o sobrolho da tarde na figura anônima
Da mulher primaveril. Asco, ânsia, vômito:
Passeiam, lado a lado, com minha boquiaberta alma.
Estou só, e a lembrança de perfume do indômito
Coração poreja na pele do meu cérebro.
É tudo impróprio para menores de dezoito
Anos? Eu tenho uma alma avessa a certos adultos?
É tudo tão bruma em sua lógica de tal grego
Aristotélico? Que nos é proibido pensar
Com nossas pernas no Amor que se foi ─ que se perdeu.
E haja pernas minúsculas e sem músculos!…
Eu sou aquela andorinha em doce e frívolo penar.
Aquela que pousou na janela e se rendeu
Ao teu pesar com charminho, à tua voz de bruços!…
30/07/2010.
Caiu o sobrolho da tarde na figura anônima
Da mulher primaveril. Asco, ânsia, vômito:
Passeiam, lado a lado, com minha boquiaberta alma.
Estou só, e a lembrança de perfume do indômito
Coração poreja na pele do meu cérebro.
É tudo impróprio para menores de dezoito
Anos? Eu tenho uma alma avessa a certos adultos?
É tudo tão bruma em sua lógica de tal grego
Aristotélico? Que nos é proibido pensar
Com nossas pernas no Amor que se foi ─ que se perdeu.
E haja pernas minúsculas e sem músculos!…
Eu sou aquela andorinha em doce e frívolo penar.
Aquela que pousou na janela e se rendeu
Ao teu pesar com charminho, à tua voz de bruços!…
30/07/2010.
Eucarionte de mim
Edigles Guedes
Sentado na espreguiçadeira tosca,
Eu animo-me com o canto maduro
Do sabiá-laranjeira. A semântica
Das horas gorjeia entre aplausos e apuros.
Eu encontro-me de mim para comigo,
Quando do beijo em ósculo de Iscariotes,
Retumba em minha face de pascigo
Traído pela Lua ─ esse ácido eucarionte
De mim. Prossigo avante com mácula
Esconsa no meu peito etnográfico.
Vale íngreme, caminho ínvio. Pulula,
Cá dentro, esse chiste de nau. Portugal:
Tão longínquo quanto fotográfico
Nas lembranças de menino ditongal!…
31/07/2010.
Sentado na espreguiçadeira tosca,
Eu animo-me com o canto maduro
Do sabiá-laranjeira. A semântica
Das horas gorjeia entre aplausos e apuros.
Eu encontro-me de mim para comigo,
Quando do beijo em ósculo de Iscariotes,
Retumba em minha face de pascigo
Traído pela Lua ─ esse ácido eucarionte
De mim. Prossigo avante com mácula
Esconsa no meu peito etnográfico.
Vale íngreme, caminho ínvio. Pulula,
Cá dentro, esse chiste de nau. Portugal:
Tão longínquo quanto fotográfico
Nas lembranças de menino ditongal!…
31/07/2010.
Ando no Uivo da lua
Edigles Guedes
Porta que se abre para dentro de mim;
Como lata de sardinha enlatada,
Aberta por meio de abridor de lata;
Como se desabrocha flor de jasmim
Dentro do jardim de poemas… Que porta
De escárnio na minha carne! Balada
De Manuel Bandeira sem estrela chata
Para a vida inteira!… Amnésia que corta
O bagaço da hérnia de disco em pele
De poeira. Por que a vida é dor que se dói?…
Lamento que se lamente e urocele
Da lua na noite sem ruas ou calçadas
Para os meus sapatos tolos com dodói!…
Ando no uivo da lua, que beira a estrada.
9-4-2010.
Porta que se abre para dentro de mim;
Como lata de sardinha enlatada,
Aberta por meio de abridor de lata;
Como se desabrocha flor de jasmim
Dentro do jardim de poemas… Que porta
De escárnio na minha carne! Balada
De Manuel Bandeira sem estrela chata
Para a vida inteira!… Amnésia que corta
O bagaço da hérnia de disco em pele
De poeira. Por que a vida é dor que se dói?…
Lamento que se lamente e urocele
Da lua na noite sem ruas ou calçadas
Para os meus sapatos tolos com dodói!…
Ando no uivo da lua, que beira a estrada.
9-4-2010.
Dipsomaníaco Coração
Edigles Guedes
Desventura de mãos capitulares
Em corpo transcendente de si mesmo.
Desafortunadas pernas ciliares
Na constelação de abléfaro orgasmo.
Desbloqueados olhos que me olham glaucos,
Como chuva em curta curva elíptica.
Penumbra que sonha pés mamelucos,
Indo e vindo por caminho tarouco!…
Desmemoriada gangrena de outrora;
Putrefato tempo, que freme, agora,
Seus irremediáveis aços de calma!…
Amor: palhaço do dipsomaníaco
Coração, embriagado pelo ambrosíaco
Perfume, que se evola da isógama!…
10-4-2010.
Desventura de mãos capitulares
Em corpo transcendente de si mesmo.
Desafortunadas pernas ciliares
Na constelação de abléfaro orgasmo.
Desbloqueados olhos que me olham glaucos,
Como chuva em curta curva elíptica.
Penumbra que sonha pés mamelucos,
Indo e vindo por caminho tarouco!…
Desmemoriada gangrena de outrora;
Putrefato tempo, que freme, agora,
Seus irremediáveis aços de calma!…
Amor: palhaço do dipsomaníaco
Coração, embriagado pelo ambrosíaco
Perfume, que se evola da isógama!…
10-4-2010.
Tarde Verrugosa
Edigles Guedes
Debruçado na janela do quarto,
Vejo um carro de boi a vagar estrada
Da hora. É meio-dia e o calor, ingrato infarto
De suores no intermúndio de mim, com zoada
Escaldante, chama-me para a sesta!
Aceito o convite de bom grado. Azo
De bate-papo na varanda. Fresta
De descanso em meio ao ramerrão frustrado…
O calor como sempre nada fala,
É silente tal qual ébria fornalha
Temulenta, espigaitada. Amígdala
De voz incongruente, a rede enjoosa
Balança-me nos braços em migalha
De sono, nesta tarde verrugosa.
10-4-2010.
Debruçado na janela do quarto,
Vejo um carro de boi a vagar estrada
Da hora. É meio-dia e o calor, ingrato infarto
De suores no intermúndio de mim, com zoada
Escaldante, chama-me para a sesta!
Aceito o convite de bom grado. Azo
De bate-papo na varanda. Fresta
De descanso em meio ao ramerrão frustrado…
O calor como sempre nada fala,
É silente tal qual ébria fornalha
Temulenta, espigaitada. Amígdala
De voz incongruente, a rede enjoosa
Balança-me nos braços em migalha
De sono, nesta tarde verrugosa.
10-4-2010.
Mãe: Amor Inviso
Edigles Guedes
Mãe, o teu ventre foi campo fértil para
O embrião — que era eu. Campo de batalha crua,
Milhões de espermatozóides em seara
De competição abléptica: casa nua
De carne e óvulo, pequeno Polegar
Sem botas de sete léguas… Teu ventre
Foi concha quentinha, que me fez esgar
De pássaro em noite sessiliventre!…
Mãe, o que posso dizer a ti? Clipes
De ideias sésseis e tão voláteis quanto
Esse alvorecer entre herpes e dropes!…
É tão bom o teu colo de sorriso
Anil, que nem céu de estrelas em pranto!…
Mãe: colcha de interciso Amor inviso!…
10-4-2010.
Mãe, o teu ventre foi campo fértil para
O embrião — que era eu. Campo de batalha crua,
Milhões de espermatozóides em seara
De competição abléptica: casa nua
De carne e óvulo, pequeno Polegar
Sem botas de sete léguas… Teu ventre
Foi concha quentinha, que me fez esgar
De pássaro em noite sessiliventre!…
Mãe, o que posso dizer a ti? Clipes
De ideias sésseis e tão voláteis quanto
Esse alvorecer entre herpes e dropes!…
É tão bom o teu colo de sorriso
Anil, que nem céu de estrelas em pranto!…
Mãe: colcha de interciso Amor inviso!…
10-4-2010.
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