Livro, Monólogo



Um livro sem prólogo
De páginas todas
Antigas, de mofo
Excessivamente

A superlotada…
As traças que fogem
Das folhas ao soalho…

Um lindo monólogo,
De si pra consigo…
E eu filosofo
Um pouco, com mente

Tristonha, calcada
Em livro que dorme,
Na estante da fome…

Autor: Edigles Guedes.


Tivéssemos Asas



Ah! se tivéssemos asas,
Como os pássaros!… Casas
Faremos, de galho em galho…
Seremos felizes, caro

Amigo do tempo oblíquo…
Saudade faria morada
Em nosso peito perspícuo?…
A mágoa voaria pra longe…

A lágrima sorriria
De felicidade pia…
Ousaria alguma tristura

Despertar-nos da quimera?…
Viveremos sem amargura,
Tão segura na moldura…

Autor: Edigles Guedes.


Gravura da Aurora



A dúbia esperança
Que traz-me bonança,
Em noite penosa;
Se bem que de rosa

Pintou o azul
Sidéreo. No sul,
Cruzeiro fulgura!

Aurora, há pouco,
Raiou, no sufoco.
Conversa vertia,
Robusta de pia.

Labuta sorri.
Ventura cuspi.
Notável gravura!

Autor: Edigles Guedes.


Perfume de Sonho



O sonho a sonhar-te…
Te fez um favor:
Encheu-te de carne…
Restou, com amor,

O lábio de flor…
Cativo, contigo
Me firo; doído,
Me giro; castigo

De afeto com dor…
Evola perfume
De ti, que consume

Um beijo perdido,
Em rosto cingido
De cinza e calor…

Autor: Edigles Guedes.


Sentires



Imensas agonias:
Cabelos pinicados
Me deixam furibundo,
Talvez um de complexo

Sansão. Acaricias
O rosto, malbarato
Amor, de vagabundo
Andar, de circunflexo

Olhar, de carbonato
Tatear, de literato
Ouvir, em errabundo

Trautear! Acabrunhados
Sentires de sujeito
Desperto, que rejeito.

Autor: Edigles Guedes.


Perante Rio de Sentimentos



Danou-se, atrevido!
Que mão indiscreta!
Capaz de, sorrindo,
Poupar a secreta

Escolha de beijo
Na face inconsútil!
Me sinto tão fútil;
Mas sigo, sofrente.

Avante! que atrás
A gente vem logo.
O beijo não dás.

A lei que revogo:
Um rio contente
Me faz o que sente?

Autor: Edigles Guedes.


No Baixel



Baixel que navega
Por mares, calado.
Me lembra serôdio,
Tristonho passado,

E cinjo-me: cinto
De prata, brunido;
Sapatos de couro
Retinto. Sonido

Me bota de louro
Cabelo tão pouco.
Caminho tão rouco.

A fúria me cega.
O mar que me pega,
Sacode-me. Chega!

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...