Neblina



De risos sérios
A minha sorte
Está cheíssima.

Prantos risíveis
Cortam destino,
Como franzino
Corta comida

Ao meio: sonso!
Mendigo beijo
Escasso. Noite
Que diz: — Almejo!

Brinco de sina,
Transe que mina,
Fim de neblina.

Autor: Edigles Guedes.


Sorriso Florindo



Defensável ventura,
Como te persegui?
Se careço de sede,
A fim de te beber;

Se careço de fome,
A fim de te comer;
Se careço de pele

A fim de te vestir;
Se careço de nome
A fim de te chamar;

Se careço de ti,
Nesta noite finória,
Em que sorris pra mim,
Num sorriso florindo.

Autor: Edigles Guedes.


Você



Você, que atrai-me toda…
Assim que olha pra mim,
E quando me diz que sim,
Embora me faço rudo,

Capaz de beijo agudo...
E eu, que fora de moda,
Não sei o que lhe desdigo…

Você, que provoca crise
De risos bastantes, pise
Em mim com os pés de gata
Em cio e, cá, desata


O grito de mui delícia…
Estimo por grã carícia
De dedos,
aos quais me ligo.

Autor: Edigles Guedes.


Desgosto de Onda



Por pouco, recreia;
Sobejo, chateia?
Aranha sem teia?

A pouca areia,
Em praia, tonteia?
O ritmo sereia?

Pergunta que ronda
Por quengo afora…
Resposta me sonda;
Por dengo, me chora…

Desgosto de onda,
Vagueia por dentro
De mar, um sem centro
De si, me esconda!…

Autor: Edigles Guedes.


Bola de Gude



Quantas vezes nos divertimos,
Nas manhãs de sol escaldante?
Quantas vezes nos distraímos
Com os dedos mui fervilhantes?

Porventura grilo dormita?
Há um cântico, serventia
Para todo nó, cobardia?
Ou apenas somos formigas

No afã das horas amigas?
Há um riso de ironia?
Um escárnio, na agonia?

Ah! conquista anda contrita,
Como bola, gude de grita!…
Desvario me abatia…

Autor: Edigles Guedes.


Abraço



O pouco som do mar;
O rouco tom: amar…
Artelhos — limbos bambos;
Advém: amamos ambos.

Joelho — lindo tombo;
Martelo — eu que zombo —
Me bate peito; sina
E sorte: misto-quente.

Suave, bela crina…
Cavalo grão carente
De vento forte, fronte.

E sinto queda ponte;
Detido, faço laço
De mim, em grão abraço…

Autor: Edigles Guedes.


Cangalha



Olhar de esguelha,
Como quem o quer…
Divícia querendo…
Os olhos suplicam…

Meiga mão requer…
O vício fervendo…
Na veia, claudicam

Os ternos olhares…
Fruto, não pomares…
E cai uma telha…
O gato hesita…

Novel parasita
Delira: cangalha
Em rude abelha?

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...