Desadoro o difuso azul de
meigos olhos,
O pouco verde muro de música
pele.
Bravio, que me lanças, ó
mar!… Eis compele
Sargaços sobre o meu dorso
aos duros molhos.
Desadoro esse informe gesto de
teu rosto,
Tampouco do incolor sujo de
tuas pernas.
Vento de valorosos brios, ó,
com ternas
Palavras furibundas a bom
tira-gosto!…
Desadoro as selvagens ondas
mais umbrosas,
Como lenços nocivos que
choram sem rosas.
Qualquer dia arvorarei velas
em plúmbeas ilhas?…
Desadoro o barco que, decerto,
eu sou.
Barco cego, nu, tosco e mouco,
que passou
Da linha de refregas pelas
Tordesilhas.
5-4-2015.