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Porta



Que abre e fecha
O cofre de fera.
Madeira de lei…
Me deixa por rei

Em casa ou ninho.
Um tal passarinho,
Imune por ti.
Conchego, que doce,

Me faz o sorri.
A mão, que na fouce,
Melhor, que no trinco,

Me leva ao sonho,
De quando enfronho
Amor com afinco.

Autor: Edigles Guedes.


Traquejo



E dei-me conta
De olho lindo!
E sei afronta,
Se bem que rindo!

E há vestido
De chita bela.
E há fremido
De perna. Zela

Por mim. O pejo
Que sinto! Vejo
Amor solerte.

E há traquejo
Com rijo flerte.
A ti, almejo!

Autor: Edigles Guedes.


Beijo?



Ao pé da porta,
Avisto torta
A moça. Minto;
E nada vejo!

Em pé, escuto
A voz de meiga
A Dama. Leiga
Me chama. Bruto,

Atendo. Passo
Portal. O braço
Me treme. Sinto

Amor no bucho.
Será o luxo,
O árduo beijo?

Autor: Edigles Guedes.


Declaração de Amor



Declaro amor,

Que sinto por ti.
Incluso no peito
Me arde de jeito

Afeto benquisto.
Quieto, conquisto
O teu coração.
Detém-me calor

De mãos que afagam
A face secreta.
Me lança a seta,

Alveja-me. Vi
No piso um cão.
Os membros me chagam!

Autor: Edigles Guedes.


Aqui



Estivesses aqui…
Universo seria
Um pontinho, dotado
De airosa prudência.

Estivesses aqui…
Coração pulsaria,
Retumbante, mimado
Ao sabor da cadência.

Estivesses aqui…
Em bebê tornaria,
Criatura de flor!

Estivesses aqui…
De feliz, pularia
Um qualquer por Amor!

Autor: Edigles Guedes.


Fuxico



Ao nosso encontro,
Assíduo que fui.
Instante, espero.
Parece eterno

O tempo puído.
Eterno, advém,
Amor que dedico.
Anil desencontro

Pintou, por ali.
Minutos, tolero.
Aspiro a terno

O cenho moído
Por lágrimas sem
Calor ou fuxico.

Autor: Edigles Guedes.


Selinho



Balouça cadeira.
Varanda imensa.
Estima intensa.
Quieta lixeira.

E digo asneira.
E fico de birra.
Você me acirra
O ânimo. Cheira

Cangote. Meiguice
Me põe avexado.
Selinho vingado.

Você de denguice
Me deixa afável,
Amor formidável.

Autor: Edigles Guedes.


Babado



Amor que sabido
De dura a pena.
Por bicho, tomado;
Humor arredio.

Amor que descuido
O meu, me serena.
O lixo, aguado;
Tumor, arrepio.

Amor me depena!
O homem esguio,
Nariz de hiena.

Amásio barbado
Puxou assobio.
Mulher de babado.

Autor: Edigles Guedes.


Refém



O pobre de mim!
E desde que vi
Os olhos, me ri.
Refém que de ti

Me fiz, por amar.
Mas, como domar
Amor e corcel
No mesmo pincel

Que pinta o céu?
Azul com o mel,
No árduo papel.

Depois, o pastel
Petisco… Esqueço
De ti; amanheço.

Autor: Edigles Guedes.


Cochilo



Matraca que feche!
Silêncio, melhor.
E bem que me cata
Piolho visível

Aos vossos luzeiros,
Enquanto cochilo
Em vossos abraços.
O arco me fleche!

Quieto, Amor!
Calor que me mata
Por dor aprazível,

Prazer por inteiro;
Enquanto, tranquilo,
Repito os laços.

Autor: Edigles Guedes.


Penas



Semeio as penas
A quem desmerece
As penas de Dor.
Desdém por Amor,

Que planta, silente.
Cultivo semente,
Dispõe-me contente,
O homem carente.

Careço de plena
A paz da folgança,
Calor, abastança.

Careço de prece.
Guarneça a flor,
Acaso se for!…

Autor: Edigles Guedes.


Cigarra



Chichia por tarde
Afora. Alarde,
Amor, que namora.
No cio, canora

A perna vadia.
Devassa o dia.
E quando vigia,
À noite, fingia.

Cicio mugia
À caça de jia,
A fim de consolo

Por duro tijolo:
Morada pequena,
A alma depena.

Autor: Edigles Guedes.


Dias que não é Brinquedo



Há dias que não é brinquedo;
Todos, sérios, fogem do enredo
Da hilariante vida;
o medo
De alguma calamidade,

Anunciada nos jornais
Matutinos, antes do meio-
Dia em ponto, sol a pino;
O medo que uma barragem

Qualquer estoure suas águas,
Cheia de lama tola e mágoas,
Cheia de vidas despojadas.

Há dias que não se profere,
Ao menos, Amor — m
urcho em terra
Rasa do coração humano!

Autor: Edigles Guedes.


Pinote



Ao nascer, galopei a Estrela d’ Alva,
Que brilhava; pondero: trela e calva.
Ao crescer, naveguei estreito mar,
Que bradava; sopeso: leito e lar.

Sorridente, vingou o siso — gato,
Que traquinas, viveu o falso chato.
Diligente, pingou o mel na sopa,
Que salgada, torceu o vento em popa.

O pinote do Amor — cavalo manso
Que solapa o coice brusco e ranço.
A bisonha (que Dor!) veleja oceano

De potocas inúteis. Desço o cano
Da agonia, por onde mordo triste
A fatiga: ocultar o Amor que viste.

Autor: Edigles Guedes.


Oblívio



Hilário, rio de mim, o mesmo
Sorriso, frio delírio, a esmo.
Faltava o siso de lírio campo.
Instante, friso que peito estampo

Amor puído, aos pouco de uso.
Vitrine mostra modelo obtuso.
A moça gaba-se, pá de terra.
A loja fecha, balanço pinta.

O homem bruto o beco erra.
O há de vir que bendito minta.
Partiu ao lar por audaz a festa.

A terra tórrida é que presta.
Porém, zarpado ao mar de olvido,
Em casa chego, remido, cuido.

Autor: Edigles Guedes.


Carrapateiro



Papa-bicheira, dentre o bico e os olhos
Forte laranja, sus! corisca. Os piolhos,
Mil carrapatos — caça a cota, incansável.
Papa lagarta, rói carniça intragável.

Sóbrio cupim destrói madeira já minguada.
Ave, pinhé devora o biltre à crua míngua!
Peixe trivial demonstra boca mui salgada;
Cava sabor na torta e triste sua língua.

Bicho rapina peixe, cumpre o desatino.
Gula que come fome, dor que nos destina.
Sanha assassina, torce os nós que me ensina.

Caro pinhém, também, decoro meu destino.
Pinto azul-celeste Céu e Amor por tino.
Tinjo de verde as mágoas, sortes más, cretino!

Autor: Edigles Guedes.


Carcará



Cor carijó, o peito enfunado no arame.
Cerca farpada arrepia, os de olhos ditames
Fitos. À caça vítima segue, silente.
Come lagartos, cobras, sapinhos, oxente!

Vil solidéu no quengo, à espreita, solerte.
Face vermelha, rútila; seta adverte.
Bico a cutelo ofende, molesta o cujo;
Lâmina adunca abala civil caramujo!

Dobra pescoço, em dorso mantém sua cabeça,
Solta cantares doídos, sustém um “cará”.
Tine cansável e moído, um som findará.

Deus que te cuide, pés com moleira que meça!
Livre o Amor, também, me persegue, oportuno,
Para gastar sossego, a rudo gatuno.

Autor: Edigles Guedes.


Socó



Socó que singra os altares dos ares cientes,
De inverno pingue, manhoso. Pousar de lentes
Nas pernas calvas, sonhoso. Perdura asfalto
Na voz estridente de néscio. Esboçar prudências.

Esturro, onça-pintada nas horas machas.
Mugir em bravo do boi, que lamenta as taxas
De mil saúdes perdidas nas sendas. Saltos
De dados múltiplos. Lei d
e maltês vivência.

A
flecha e bico que peixe dardeja e sente
O fim da vítima frita: perplexo o ser!
Presente físico; mágoas, acá, ausentes.

Amor que cinge a toleima dos braços meus.
Sucede nunca a consorte do bem-querer;
Mas é conforme a bendita cessão de Deus.

Autor: Edigles Guedes.


Flores Singelas



As singelas flores, ao pé da cova,
Dormem já insones, pois jazem mortas;
São de meu amor por ti a pura prova,
Eu que vivo não, mas a Hora torta…

Esta, de asas guias tem, ainda chova
Canivete, nada carece, absorta,
A viver no mundo da Lua… Ah! Alcova
Do meu triste ser, ardil sem a porta!…

Que não sei se minto e o pranto cai…
Que não sei se sinto e o pingo sai…
Salta vale e campo, meu torso grito!…

O porém que dói, sufocado ai!
Que palpita duro, enforcado, atrai
A espada fria da alma ou rito.

Autor: Edigles Guedes.


Flagelo sem Flauta

Casal abraçados. Um pé de árvore ao lado. Pássaros voando. E uma lua enorme, envolvendo o casal.



Quando vieste, eu disse assim: — Jamais
Escrevo outro soneto ou melodia!…
No entanto, ao fitar tão ingente cais
De doçura… Tal qual chuva serôdia,

Inunda o meu atroz ser sentimento.
Das entranhas no abismo, acolá, nasce
Esse flagelo sem flauta, tormento
Sem comento, apascenta-me que pasce.

Se vivo, eis que já não sei, ou morro;
Se respiro ou transpiro, acá; se corro
Ou fico. Sei lá… subo ou desço? Minto

A mim mesmo. Confesso, Amor, calo
No meu peito a linguagem ardente. Ralho,
Com as pernas bambas, caro Amor que sinto!…

3-1-2016. 

Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...