Aquário de Vida



À mercê dos favônios,

Bisviver jigajoga,

Bajogar a conversa,

Retisnar os neurônios…


Lida que se renova.

Quem me dera essa trela…

Fácil dourar peixinho,

Nesse aquário de vida?


Cai purpúreo do vinho,

Cai murmúreo da fala,

Cai sulfúreo da sala…


A língua me parlenga.

Existe sal no vivo?

Alvoro tão cativo!


13–8-2019.

Natal, o Outro



Me cumpre pedir
Bocado de paz.
Menino Jesus,
Atende a prece.

Me cumpre sentir
Pecado voraz?
Menino e Deus,
Por ti esmorece

O homem tirano!
Que posso o dano
E faço, mas sano

Injúria com pranto?
Sossego que canto
Ao pé sacrossanto!

Autor: Edigles Guedes.


Professora




Lembro-me da trança comprida.
Sempre com sorriso na boca.
Sempre agastamento de pouca
Serventia. Fronte lambida.

Mãos que me bendigam, garridas.
Sempre com luzente nos olhos.
Sempre paciente. Piolhos
Que catava. Unhas rendidas.

Voz que me caricia, florida.
Sempre com aroma na pele,
Que evolava. Meiga partida.

Inda que me cegue, retida
Sempre na memória, impele
Gentileza menos bramida.

Autor: Edigles Guedes.


Por que Amo?



Por que amo, com tal força,
Estas flores
calcadas,
Por pés incautos, tardos,
Que dano
s me entrelaçam?

Por que amo? Por feitio,
A meia adriça, bêbado
Por perfume; fastio;
A química do cio,

Que me
dispõe na esquina
Da ilusão, por teus beijos;
Teu bailar de felina;
Fera punge
traquejos.

Por que amo, com tal força
Cilígera,
essa moça?

Autor: Edigles Guedes.


Água e Vida



Água esmorece sobre a pia:
Fio fininho, pois, se finda;
Té não sobrar sequer suspiro
Da torneira, que ora sofria…

Sofria de saudade tão pingue…
Por bocadinho, quase o queixo
Cai da fronte, intacta de lágrimas…

A vida desabita as páginas
De tais lamúrias encardidas,
Por fábula acúlea das mágoas…

A vida, de quando, deságua
No leito de outra vida idília;
Não perde tempo com lamúrias,
Antes, engendra mais a vida…

Autor: Edigles Guedes.


Osga


Nenhuma nesga de céu azul,
Somente a manhã de tenebrosa,
De nuvens a brincar com os cravos
Do céu de outono, com folhas secas,

Mortinhas da silva, silvo solto —
O vento nubífugo assobia
Pianíssimo contigo, tardio,
Exíguo, com gastura pra dar,

Vender, comprar e desperdiçar.
Nubífero trovejou suas mágoas.
Imbrífero calejou suas tréguas.

Estou gafo pra acabar com isso:
O tudo que me restou no copo
De cólera, bêbado por osga!

Autor: Edigles Guedes.


Norte


Por que me sorris,
Com teu riso sáxeo?
Se você não quis,
Jogue-me no aéreo

Do avião bimotor;
Só assim de dor
Serei mui feliz!
O mar: bem-me-quis;

Onde meu delírio,
Gentileza-lírio,
Deixa-me com ares

De frutos. Pomares
Nadam por esporte?
Amarrei meu norte?

Autor: Edigles Guedes.


Aquário de Vida

À mercê dos favônios, Bisviver jigajoga, Bajogar a conversa, Retisnar os neurônios… Lida que se renova. Quem me dera essa trela… Fá...